PROFESSORA
DO MONTE BELO GARANTE QUE NÃO COMETEU ACTOS DE INTOLERÂNCIA POLÍTICA COM OS ALUNOS
Lobito, 25/10/2017
No dia 5 de Outubro
de 2017, a Associação OMUNGA recebeu uma reclamação de um encarregado de educação de que a professora do seu filho teria tomado atitudes de intolerância
política com os seus alunos. De acordo às informações, apontavam para o facto
de que a professora da escola primária 314, sala anexa no Bº do Compão, localizada
na catequese S. João Batista, teria separado os alunos de acordo à afiliação
partidária dos seus pais e que terá declarado que “vocês da UNITA vão morrer
mal”.
Já a 9 de Outubro de
2017 (segunda-feira), o activista da OMUNGA dirigiu-se por volta das 8 horas à
referida escola com o intuito de entrevistar a professora e auscultar as crianças
sobre as informações anteriormente recolhidas. Infelizmente não se encontrou a
professora e nem o director da referida escola. O activista conversou com as
crianças que confirmaram a mesma informação.
Em função disso, a OMUNGA, ainda a 9 de Outubro de 2017, endereçou uma carta à direcção provincial da educação e ciência de Benguela a transcrever as informações prestadas pelas crianças e pelo encarregado de educação.
Ao mesmo tempo, a
OMUNGA, perante a gravidade de tais informações, solicitava uma investigação
para se apurar a veracidade de tais informações. Esclarecia que na mesma altura
não pôde ouvir nem a referida professora e nem a direcção da escola.
No entanto, a 24 de
Outubro de 2017, a OMUNGA pôde ouvir a referida professora, como o
representante comunal da educação no Monte Belo que refutam categoricamente as
referidas informações. A mesma considera ainda que as referidas informações
afectam a sua imagem de professora.
De acordo à
professora, “isso aconteceu no dia 2 de Outubro (segunda-feira) quando registou-se
a ausência dos alunos nas escolas devido ao conflito que houve aqui no Monte
Belo, foi quando eu conversei com os meus alunos porquê que estavam ausentes
nas aulas, porque é que não apareciam antes.”
“Quando eu procurei
saber dos alunos, cada um deles começaram a dizer que nós não viemos às aulas
porque aqui no Monte Belo tinha guerra. Eu disse, a guerra se passou aonde?
Disseram, aqui mesmo no Monte Belo é onde se passou a guerra. Eles mesmo
começaram a se indicar. Na casa do fulano fizeram lá isso, na casa do fulano
fizeram lá isso. Isso já concernente à destruição que houve nas casas. O pai do
fulano lhe deram tiro e o tiro não entra, o que entrou nele é pau.”
“Por isso é que vocês não vieram às aulas?
Sim, nós não viemos às aulas porque nós tinhamos fugido nas matas, outros foram
para Benguela, outros foram para o Lobito. Ai é? Mas nós ficávamos aqui à
espera de vocês, então a tal guerra se passou aonde? Nós vínhamos aqui e vocês
não apareciam. Uma das alunas que aqui não está, disse eu fujo onde está o meu
pai.”
“Dali eu disse vocês
não podem faltar às aulas porque já estamos no final do ano lectivo. Quem
faltar às aulas vai reprovar. Não podem faltar às aulas. Dali continuei com os
meus trabalhos. Quando me apercebo de que a professora faz a separção dos
alunos A e B. Eu estou com estes alunos desde o ano passado, o meu método é
este, para ver o nível de assimilação dos rapazes e das meninas. Aqui é a parte
das meninas e aqui é a parte dos rapazes. Eu não escolho se esse é daonde e se
esse aqui é daonde. Eu só sei que todos são meus alunos. Não sei onde é que eu
errei. Eles mesmo é que foram falando e eu não citei nenhum tipo de partido.
Eles mesmo é que foram falando que a UNITA e o MPLA fizeram guerra.”
A OMUNGA aproveitou
para esclarecer que a sua intenção é que seja levado a cabo uma investigação
não apenas no sentido de apurar a veracidade dos factos quer apresentados pelos
alunos, quer pela professora mas que sirva como método de evitar-se o uso da
escola como espaço de promoção de intolerância.
Por outro lado, a
OMUNGA ainda endereçou uma carta à direcção provincial da educação e ciência de
Benguela, a 14 de Outubro onde transcrevia as denúncias feitas por alunos da
escola 27 de Março (Monte Belo) em relação a um professor que teria participado
nos atos de vandalismo ocorridos a 16 de Setembro naquela localidade e que
teria também feito ameaças o que fez com que estes adolescentes e jovens
tivessem decido deixar de frequentar as referidas aulas com medo.
A OMUNGA apela para a
intervenção urgente do governo provincial e da direcção provincial da educação
e ciência de Benguela no sentido de se apurar a verdade e de se tomarem as
medidas necessárias no sentido de reponsabilizar e de prevenir que tais acções não possam ocorrer.