09/03/2017

SOCIEDADE CIVIL VISITA KALUPETEKA EM BENGUELA

Imagem obtida na internet porque não foi permitida a tomada de fotos na penitenciária

SOCIEDADE CIVIL VISITA KALUPETEKA EM BENGUELA
Lobito, 09-03-2017

A vinte e três de Fevereiro de 2017, as organizações AJS, OHI, Omunga e o movimento revolucionário de Benguela, deslocaram-se à Penitenciária de Benguela onde realizaram uma visita ao senhor José Julino Kalupeteka.

Foram recebidos por uma delegação composta por altos funcionários daquela instituição incluindo o senhor António Adriano, Director Geral dos serviços prisionais de Benguela.

Depois da reunião com os funcionários dos serviços prisionais, tiveram a oportunidade de conversarem com o recluso, o objectivo da visita.

O senhor Kalupeteka explicou que depois do julgamento e condenação no Huambo, foi transferido para os serviços prisionais de Luanda, onde ficou por vinte e sete dias na cadeia de Viana, e posteriormente foi transferido para a cadeia de Kakila, onde permaneceu por lá durante seis meses.  O mesmo explicou que devido aos seus problemas de saúde (Gastrite aguda), o recluso conversou com os responsáveis chefes das cadeias, tanto a de Luanda quanto a de Kakila, solicitando que recebesse a sua alimentação a partir da sua família em tempo e hora, pois não podia ficar por muito tempo sem se alimentar, solicitação que foi concedida sem rodeios.

Atendendo ainda às dificuldades em adaptar-se ao clima quente, o recluso, também solicitou a sua transferência para outra cadeia penitenciária que se situasse em localidade com um clima favorável à sua saúde. Estranhamente foi transferido para os serviços prisionais de Benguela, algo que, segundo o recluso, não entendeu já que Benguela tem também um clima quente, ao contrário do Huambo ou Bié.



Entrevista a Kumi Prata, um dos membros do movimento revolucionário que visitaram Kalupeteka

Lamentações
Quando chegou a Benguela, apresentou o seu problema de saúde aos chefes dos serviços prisionais, e foi admitido que recebesse três refeições ao dia, conforme a orientação médica.

O recluso afirmou ter uma boa relação com o seu reeducador, o senhor Intendente Nelson Vasco, mas tem enfrentado uma grande dificuldade com os agentes prisionais que muitas vezes fazem a entrega da sua alimentação em horários incertos e locais incertos, e quando reclama é chamado à atenção para não fazê-lo. Para além disso,  conta que alguns agentes prisionais o têm visto e tratado com indiferença, algo que preocupou aos visitantes, já que o recluso encontra-se em cumprimento da sua pena e tratá-lo com dignidade e humanidade não é um favor, mas sim um dever até profissional dos funcionários prisionais.

Kalupeteca salientou ainda que por causa das dores estomacais, tem sentido outras dores na coluna vertebral que depois se estendem ao ombro direito e o paralisa por algum tempo. Para evitar os problemas de saúde que se agravam muito mais com a irregularidade da alimentação, tem feito o consumo de alho e limão que segundo o mesmo, quando consumidos convertem as dores estomacais em enjoos.

Ao Director da Instituição, o recluso já fez chegar as suas preocupações. Algumas foram respondidas, inclusive, o Director já chegou a ordenar que os funcionários de direito cuidassem da alimentação do recluso. Orientação essa, que segundo Kalupeteka, o seu cumprimento tem dependido da boa fé de alguns funcionários. 

Visita dos seus familiares
Kalupeteka informou que costumava receber com regularidade visitas de suas três filhas. Entretanto, nos últimos dias, as mesmas têm encontrado dificuldades em visitá-lo pelo facto de não possuírem outros documentos pessoais para além do cartão de visitas da respectiva penitenciária, que por norma deve ser acompanhado pelo Bilhete de Identidade, documento que entre outros, as mesmas terão perdido nos confrontos do Monte Sumi. Ao longo desses meses de estadia na penitenciária de Benguela, as filhas somente usavam o cartão de visitas para o acesso às mesmas, situação que os serviços prisionais aceitavam com normalidade, mas com as novas exigências em relação aos visitantes que também abrangem, naturalmente, as filhas de Kalupeteka, o mesmo encontra-se, por enquanto, privado das visitas de suas filhas.

As solicitações de Kalupeteka
1.     - Que lhe sejam atendidas as refeições conforme recomendações médicas (quatro vezes ao dia) e a hora certa (receber as refeições na conjuntura de todos os reclusos como é regulamentado dificulta tal cumprimento);
2.      - Que seja transferido para as províncias do Huambo ou Bié, onde o clima quente é menos agressivo com a sua saúde;
3.     - Que as suas filhas tenham a permissão de visitá-lo sem os documentos exigidos, já que o processo de aquisição de documentos é muito burocrático e que poderá levar muito tempo para a aquisição;
4.       - Que se ajude as suas filhas na aquisição dos novos documentos.
As ONGs por sua vez, encorajaram o Kalupeteca a manter a sua firmeza, e prometeram fazerem o máximo possível a fim de o ajudarem a ultrapassar os problemas que enfrenta. Ainda encorajaram-no a continuar na composição de músicas pelo que segundo o mesmo, tem tido dificuldades de memória depois da pancada na testa que recebeu dos agentes policiais no Huambo, o que lhe tem causado também problemas de visão.



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