Gaby (à esquerda) dialogando com uma delegação de visitantes ao 16 de Junho
“TEMOS MUITOS IRMÃOS
NO CENTRO DA CIDADE A SOFREREM”
Lobito, 07.05.17
Jorge de Lemos,
conhecido por “Gaby”, é hoje o vice-coordenador da comissão de moradores do 16
de Junho. E conta como surgiu esta comunidade.
Segundo o Gaby, “o ‘centro
16 de Junho’ surge por causa dessa história toda. Primeiro era o OKUTIUKA, ou
primeiro vivíamos em paradas, depois de vivermos em paradas fomos pró OKUTIUKA,
depois do OKUTIUKA, deixámos o OKUTIUKA voltámos de novo em paradas, depois da
parada nasceu a ‘Pousada da Criança’, só depois da ‘Pousada da Criança’ surge o
‘centro 16 de Junho’.
Para o Gaby, existe
uma lógica para o surgimento do ‘centro 16 de Junho’. Questiona “o ‘centro 16
de Junho’ surge porquê?” e continua “o ‘centro 16 de Junho’ surge porque nós
vivíamos no centro da cidade e o banco BNA estava numa fase de ser reabilitado.
O governo municipal do Lobito decidiu que nós não que nós não poderíamos
permanecer no centro da cidade, visto que aquele banco ia sofrer
reestruturação, automaticamente fomos transferidos para aqui”.
O Gaby conta que (no
16 de Junho), eles próprios “tinham posto tendas” e depois é que subiram.
Permaneceram nas
tendas durante muito tempo, 4 ou 5 anos. Disse que ainda quando estavam no
centro da cidade, “o governo municipal já alegava muita coisa. Que lá já tem um
contentor de chapa, que lá já tem um contentor de cimento, os terrenos estão
marcados, é só vocês subirem, cada um vai receber o seu equipamento para
executar a sua casa. Só que chegados aqui no terreno, era diferente. Nós
encontrámos tendas”.
Para ele, a concretização
das concretizações deveu-se essencialmente graças à luta que envolveu a
sociedade civil e isto chamou à atenção “de outras forças políticas”. É de
lembrar que se estava em época de eleições. Aproveitando essa altura, conforme
nos conta, “fizemos um documento a marcar uma audiência com o ex governador da
província de Benguela, Armando da Cruz Neto, Ele aceitou o documento, pedimos
que ele viesse visitar a nossa comunidade, ele veio, visitou a nossa
comunidade, mostrámos as nossas preocupações”. Só assim é que “o sonho começou
a se realizar, depois do governador estar aqui presente, ele fez promessa de
que iria construir as casas e o que ele disse realmente mostrou em prática,
trouxe o projecto aqui, para nós e construíram as casas”.
Para o Gaby, é uma
luta que durante anos mas não chegou ainda ao fim já que “temos muitos irmãos
no centro da cidade a sofrerem. Não me sinto feliz hoje por ter a minha casa,
porque vejo ainda muitos dos meus irmãos a sofrerem”.
Jorge Lemos
aproveitou ainda para deixar uma recomendação à administração municipal do
Lobito e ao governo provincial de Benguela para que “revejam aqueles planos,
aqueles assuntos que já tivemos e que muitos deles não foram concluídos,
principalmente o que toca às construções. Na altura se falou de 150 casas, hoje
nós temos 88 casas.”
Acredita que se o
governo construir as 62 residências prometidas e em falta, podem “beneficiar outros irmãos
nossos que estão a sofrer”.
Acompanhe a
entrevista completa:
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