01/08/2017

INTOLERÂNCIA POLÍTICA – GUERRA EM TEMPO DE PAZ


INTOLERÂNCIA POLÍTICA – GUERRA EM TEMPO DE PAZ
Lobito, 01.08.2017

Na tarde de quinta-feira, 3, o Hotel Praia Morena foi mais uma vez palco de mais uma edição do Quintas de Debate.

A sessão realizou-se para abordar sobre intolerância política. A actividade teve como base, o trabalho que a Plataforma Eleitoral da Sociedade Civil – Benguela (PESCB) desenvolve desde 20 de Junho no município do Bocoio.

O objectivo não foi o de apontar o dedo a este ou àquele partido mas, através de informações recolhidas e analisadas e também de testemunhos directos de actos de intolerância política, sofridos naquela parcela da província de Benguela, desde pelo menos 2004, muito pouco tempo depois do processo de desmobilização, provocar a reflexão sobre o assunto.

Enquanto os discursos apontam para a existência de paz e que tenha mesmo conseguido apontar um arquitecto da mesma, a realidade é bastante diferente. Naquele município, como em outros municípios desta província de Benguela, nomeadamente Balombo, Caimbambo e Cubal, o que parece é que na realidade nunca se viveu um verdadeiro período de reconciliação nacional e muito menos de pacificação.

Baseando-se na desconfiança, na partidarização das estruturas administrativas e das autoridades tradicionais, o que se sente é realmente um clima de instabilidade e de medo.

Estando Angola à beira da realização de mais umas eleições, considerou-se importante, partindo dessa reflexão, fazer-se a denúncia da real situação.

A 26 de Maio, um grupo de militantes do MPLA agrediu violentamente um grupo de militantes da UNITA que pretendiam realizar uma actividade de colocação da sua bandeira e de formalizar a sua actividade política na aldeia da Balança, comuna do Cubal do Lumbo, município do Bocoio.

Segundo as informações, os militantes do MPLA garantem que não querem a implantação da UNITA naquela localidade. Em represália, os militantes da UNITA, em pelo menos 2 outras comunas, arrancaram e queimaram as bandeiras do MPLA. Em consequência disso, foram registados mais de 3 mil deslocados e foi constituída uma comissão de pacificação, que envolve a administração, o comando da polícia, o MPLA, a UNITA e o comando militar.

Segundo a Administração, a situação voltou à calma e as populações regressaram às áreas de origem. Segundo a UNITA e outras fontes, isso não corresponde completamente com a verdade. No entanto, o que é certo é que a Administradora não aconselhou à delegação que se deslocasse àquela aldeia para realizar o seu trabalho de monitoria.

Bocoio já foi marcado pelo assassinato do secretário municipal da UNITA e de outros militantes, atos de tortura e de agressão, mesmo com o envolvimento da polícia nacional e das próprias estruturas administrativas, conforme as denúncias.

Embora se tente restringir o conflito e a intolerância aos dois partidos, MPLA e UNITA, o que é verdade é que os actos de intolerância política têm também afectado outros partidos, nomeadamente a CASA-CE, pior que isso, é que ultrapassa o próprio limite dos partidos políticos e afeta inclusivamente a sociedade civil. É o caso do CRB (Círculo Rastafari de Benguela) em que foram chamados ao MPLA e à polícia sob acusação de que estariam a criar núcleos da UNITA junto das comunidades com as quais trabalham.

Com o propósito de chamar à atenção que a paz não é obra de um arquitecto mas que exige o envolvimento de todos nós, a OMUNGA decidiu realizar esta edição do Quintas de Debate, sobre este tema. Por favor acompanhem o debate na íntegra.

PARTE I


PARTE II

Sem comentários: