POLÍCIA NACIONAL MALTRATA MORADORES DE RUA NO LOBITO (vídeo)
Lobito, 30.11.2017
É
com alguma preocupação que esta associação tomou conhecimento da intervenção
policial ocorrida na madrugada de 25 de Novembro (sábado) por volta das 2 horas
da manhã, junto aos moradores das “paradas” da Restinga localizada por detrás
da direção do CFB (12 pessoas), “Parque”, na zona comercial junto á construção
da igreja (15 pessoas), do “Baía” junto ao Hotel Tropicana no Compão (14
pessoas) e a do “Mangal” junto ao Colégio Santa Doroteia (75 pessoas incluindo
crianças).
De
acordo às declarações dos cidadãos, de madrugada (podendos ser entre as 2 e as
3 horas da manhã), agentes a polícia nacional, transportados em 3 patrulheiros
e comandados pelos senhores Cativa e Armindo da 1ª Esquadra policial do Lobito
iniciaram o “assalto” às referidas paradas.
Os
cidadãos informaram que os agentes vieram de surpresa com máscaras (excepto os
senhores Cativa e Armindo) e começaram a destruir todos os haveres, agredindo
os cidadãos e detido alguns. Outros puseram-se em fuga. Os cidadãos dizem ainda
que os agentes, para além de terem destruído os bens também furtaram.
Desta
acção resultou a detenção de 5 pessoas da “parada do Mangal”, 6 pessoas da
“parada do Parque”, 3 pessoas da “parada do Baía” e 1 pessoa da “parada da
Restinga”. Ainda de acordo às informações prestadas pelos cidadãos que
estiveram detidos na 1ª Esquadra, foram na manhã seguinte obrigados a limpar as
fossas, limpar o quintal e lavar as viaturas da unidade.
Entre
os bens destruídos e furtados, encontram-se peças de vestuário, telefones,
dinheiro, tendas e documentos pessoais que tanta dificuldade tem para se obter.
Lembramos que os mesmos possuíam Cédulas e Cartões de Eleitor.
A
OMUNGA ouviu ainda moradores junto à “parada da Restinga” que desmentem as
suspeitas de envolvimento destes cidadãos em actos criminosos, chegando a dizer que nunca tiveram
problemas com os referidos cidadãos e que têm sido os mesmos que têm ajudado a
identificar pessoas estranhas que apareçam no local e encaminhado à própria
polícia. Foram estes mesmos moradores que disponibilizaram as suas varandas
para albergar estes cidadãos provisoriamente já que estamos em época de chuvas.
Devemos
lembrar que, o facto de cidadãos ainda necessitarem de viver nas ruas da cidade
do Lobito, sem a mínima dignidade e em condições de extrema pobreza deve ser
considerada responsabilidade da Administração do Lobito já que não cumpriu com
o compromisso do Governo Provincial de Benguela, na pessoa do então Governador
Provincial de Benguela, General Armando da Cruz Neto, de se construírem 300
habitações na área do então centro 16 de Junho, Bº 27 de Março, zona alta da
cidade do Lobito.
Pelo
contrário, a Administração Municipal efectuou a venda de grande parte do
terreno que deveria ser utilizado para a construção das referidas habitações e
apenas construiu 88, estando assim um défice de 212 habitações que esperamos
que a Administração Municipal assuma a sua construção.
Por
outro lado é de recordar que já a 27 de Julho de 2017, a OMUNGA apresentou a
preocupação referente ao comportamento de agentes da 1ª Esquadra em relação às
detenções arbitrárias e maus tratos de cidadãos da “parada do Parque”. Este
assunto foi abordado na altura nos Serviços de Investigação Criminal.
Tomando
em conta a gravidade das denúncias que contrariam gravemente os discursos do
presidente da República quando apela ao respeito e à promoção dos direitos
humanos, a OMUNGA, na base desta informação, solicita os devidos
esclarecimentos por parte do Exmo. Sr. Comandante Municipal.
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