Sala de Conferência do Instituto Médio Agrário do Huambo
Bispo do Huambo Dom José de Queirós Alves
IV ENCONTRO NACIONAL DA
SOCIEDADE CIVIL ANGOLANA
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Este encontro de estudo e de análise da sociedade civil vem certamente ao encontro de uma das importantes áreas da intervenção social, a da sociedade civil. Não pode haver uma sociedade saudável se unicamente os governantes intervêm na causa Pública.
O desenvolvimento verdadeiro de um país, nos nossos dias, exige que todos os cidadãos e todas as forças das áreas sociais, Religiosas, Políticas, e comerciais, etc., interajam no funcionamento da sociedade. A intervenção do cidadão completa e concretiza a acção do governo e fá-lo mais abrangente e adaptada aos reais interesses da população.
O país encontra-se numa situação muito importante. Está a lançar novas linhas e orientações no desenvolvimento social. É importante que estas linhas sejam justas, e pois isso garante ao país estabilidade e bem estar. Devem ser universais e aplicáveis a todos os grupos da sociedade.
O bem comum dos habitantes do país tem de ser o objectivo de todas as orientações. Devem estar adequadas às reais necessidades da população e integram-se no nível de desenvolvimento concreta do homem e da mulher angolana. Será bom que respeitem a índole cultural do país e sejam um verdadeiro crescimento.
Respeitando a alma da nação angolana, de modo a que seja um passo em frente do verdadeiro homem africano, e não um crescimento estranho que só vai criar distorções e desequilíbrios no autêntico desenvolvimento.
Um dos bens importantes que está em desenvolvimento é a terra. A terra em si é do povo e o verdadeiro dono da terra é o povo. Por isso o bem estar comum exige que este bem e dom seja gerido com sabedoria, articulando os aspectos públicos e privados, respeitando a sua evolução natural, de modo que seja o dom de todos os que hoje a habitam e a habitarão no futuro.
Por isso uma aplicação justa e recta da lei das terras é sumamente importante para a tranquilidade e real desenvolvimento da angolana de amanhã. A Angola de hoje necessita, mais do que nunca, a intervenção da sociedade civil.
Em razão da maioria acentuada do partido, hoje no poder, que lhe foi dada nas urnas, cria-se uma situação muito concreta. Uma maioria muito acentuada, se dá facilidade a uma acção mais célere e reformadora, tem escondido importantes perigos.
O próprio poder tem, hoje, de exercer as funções de governo e de maior controlo que seria campo da oposição, uma vez que esta, em democracia, tem uma função insubstituível de controlo e de iluminação de lacunas no desenvolvimento da governação, que faz da oposição um necessário complemento a um justo e eficaz desempenho desta mesma.
Uma oposição reduzida numericamente está chamada, por seu turno, a uma acção mais intensa. Um governo que queira governar recta e eficazmente tem, nestas circunstâncias, de realizar um esforço muito maior para colmatar esta ausência de uma oposição significativa, natural em democracia.
Intervenção activa e iluminação da sociedade civil pode ter um papel importante, iluminador complementar no desempenho da acção da vida social. E isto não só no campo de execução mas também da planificação e da descoberta das novas vias do futuro.
Um país de futuro é aquele que tem associações fortes e rectas, as igrejas têm, com a sua acção espiritual uma palavra de regulamentação e orientação da dimensão ética e moral da sociedade; uma iluminação com qualidade das ideias da sociedade e uma acção pacificadora no agir dos cidadãos; uma intervenção na área social e caritativa dos irmãos.
Ao lado dela todas as outras associações cívicas devem defender o bem do cidadão nas diferentes áreas e ajudar os governos a estar perto das reais inquietações do homem e da mulher real. É importante a qualidade destas mesmas para que busquem o verdadeiro bem do homem e da mulher.
Desejo que este encontro ajude Angola a tornar-se mais rica de ideias. Mais interventiva e completar e ajude a sociedade a comproter-se mais fortemente no próprio desenvolvimento do País.
Huambo, 16 de Novembro de 2010
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