24/09/2017

MONTE BELO: A IMPUNIDADE É A MÃE DESTES PROBLEMAS


MONTE BELO: A IMPUNIDADE É A MÃE DESTES PROBLEMAS (Adalberto Costa Júnior)
Lobito, 24.09.2017

Uma delegação de deputados da UNITA esteve ontém (23.09.2017) na sede do Monte Belo, município do Bocoio para se inteirar da situação da população e dos factos ocorridos a 16 do corrente mês naquela localidade.

A OMUNGA ouviu o deputado Adalberto Costa Júnior que explicou as razões da presença dos deputados dizendo “nós tínhamos mesmo que vir, devíamos ter vindo mais cedo, não nos foi possível, fruto de estar tudo muito quente ainda no pós-eleições em Luanda e de termos responsabilidades, mas valeu muito a experiência que fizemos. Elevámos a moral que é um elemento também muito importante de quem sendo vítima da violência pode desmoralizar.” Depois expressou a sua indignação em relação ao grave acontecimento dizendo que “a impunidade é a mãe destes problemas. Eu não conheço nenhum caso em Angola onde o administrador que agiu com violência foi punido.”

Adalberto Costa Júnior foi ainda questionado sobre as denúncias que correm sobre o incitamento à violência por Rui Falcão, ao qual disse “eu não quero acreditar, mas de facto hoje aqui repetiram-me exatamente esta questão e eu liguei ao governador numa perspectiva diferenciada desta para puxá-lo a uma partilha de responsabilidade nesta questão, para puxá-lo a uma visão que estas populações são angolanas como quaisquer outras e me parece incontornável a necessidade do governador cá voltar e assumir em nome do governo uma quota parte da responsabilidade do ressarcimento dos danos que aqui houve. Mas eu nem vou tanto pelo primeiro passo pela questão material. Eu vou mesmo pela questão do conforto. O governador deveria vir aqui e junto dos membros que foram violentados, trazer-lhes o seu conforto e não este tipo de atitudes. Eu não quero acreditar que isso seja possível.”

O repórter comunitário da OMUNGA, Prata Kumi, também questionou  o deputado sobre qual será o posicionamento do bispado de Benguela em relação a este caso quando há denúncias do envolvimento de catequistas desta igreja em atos de intolerância política no Bocoio, como o caso de um dos filhos de um catequista poder estar envolvido no assassinato de um cidadão ocorrido a 12 de Agosto na comuna do Cubal do Lumbo.

Por último foi questionado sobre o papel da sociedade civil e sobre o posicionamento da administração municipal do Bocoio em denegrir e tentar impedir as actividades da OMUNGA naquele município.

Acompanhem a entrevista:


Depois de terem visitado todos os locais afetados pelo incidente de intolerância política, os deputados mantiveram um encontro com a população.


A OMUNGA que se encontrava no terreno, foi também convidada a falar para as populações.

21/09/2017

ADMINISTRADOR MUNICIPAL ADJUNTO DO BOCOIO EXPULSA OMUNGA

Administrador Municipal Adjunto do Bocoio

NOTA PÚBLICA
ADMINISTRADOR MUNICIPAL ADJUNTO DO BOCOIO EXPULSA OMUNGA

A associação OMUNGA vem pela presente, denunciar pubicamente a decisão da Administração Municipal do Bocoio, na pessoa do seu Administrador Municipal Adjunto, de expulsar a associação OMUNGA daquele município e impedir assim o seu trabalho de acompanhamento do contexto político pós eleitoral.

Neste momento, a associação OMUNGA é a única organização da sociedade civil que está no terreno a acompanhar os problemas de intolerância política que têm ocorrido correntemente naquele município, como por exemplo, o caso registado a 16 de Agosto na sede da comuna do Monte-Belo.

Desde Junho do corrente ano que a OMUNGA, dentro da estratégia da Plataforma Eleitoral da Sociedade Civil – Benguela (PESCB) tem estado a trabalhar naquele município a monitorar o contexto político, dentro do processo eleitoral. Tal decisão deveu-se ao facto de ter ocorrido, a 26 de Maio do corrente ano, uma acção de intolerância política, na povoação da Balança, comuna do Cubal do Lumbo que depressa se alastrou a quase toda a extensão do município, tendo provocado mais de 3000 deslocados, de acordo a dados fornecidos pela Administradora Municipal.
Desse trabalho, foi publicado um relatório denominado “Guerra em tempo de Paz” que foi apresentado ao público, em Agosto, no hotel Praia Morena (Benguela) e no hotel Fórum (Luanda).

O referido relatório baseia-se na transcrição de factos apresentados por diferentes entidades entrevistadas, nomeadamente a Administradora Municipa/1ª Secretária municipal do MPLA, Administrador Municipal Adjunto/Coordenador da comissão municipal de pacificação, comandante municipal da polícia, secretários municipais da CASA-CE, PRS e UNITA, pároco da Missão católica Nª Sª de Fátima, secretário da regedoria, soba da comuna sede e outros testemunhos que vivenciaram casos de intolerância política naquele município desde 2003/4.

É responsabilidade dos autores do referido relatório, exclusivamente, a análise dos factos relatados, as suas conclusões e recomendações.

Depois da apresentação deste relatório, por diversas vezes, pessoalmente e por telefone, o Administrador Municipal Adjunto demonstrou o seu descontentamento em relação ao conteúdo do referido relatório, declarando que tal posição era igualmente da Administradora Municipal pelo que considerava a presença da OMUNGA e do seu director executivo no município do Bocoio como indesejável e que nunca mais iriam receber-nos nem prestar informações.

Já a 17 e 18 de Setembro, depois dos últimos acontecimentos do Monte-Belo, o referido administrador adjunto, publicamente, frente à população do Monte-Belo e da Saraiva, respectivamente, proferiu insinuações graves quer contra a OMUNGA, quer contra o seu director executivo, insinuando que a mesma recebia dólares dos americanos para produzir informações falsas sobre os acontecimentos.

Em resposta a este perigoso posicionamento, a OMUNGA endereçou uma carta à administradora municipal a solicitar esclarecimentos sobre tais declarações já que considera que as mesmas são injustas e põem em causa a idoneidade da organização e também a dignidade do seu director executivo como ainda põe em risco a sua vida.

É neste momento que hoje, o Administrador Municipal Adjunto do Bocoio, orienta a secretaria da administração municipal para não recepcionar a referida carta e por telefone expulsa o activista da OMUNGA sob a ameaça de “envolver o comandante municipal da polícia para que efective a referida expulsão”.

Tomando em conta a gravidade de tal posicionamento que viola flagrantemente a Constituição de Angola e os direitos mais elementares de participação e de associação, a OMUNGA decidiu inicialmente por fazer esta denúncia pública, enquanto articula outras formas de reverter tal situação.

Lembrar que a OMUNGA é membro do Comité Provincial dos Direitos Humanos de Benguela e tem o estatuto de observador da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos.


    José A. M. Patrocínio

Director Executivo da OMUNGA

20/09/2017

RUI FALCÃO ACUSADO DE ATIÇAR A VIOLÊNCIA NO MONTE-BELO


RUI FALCÃO ACUSADO DE ATIÇAR A VIOLÊNCIA NO MONTE-BELO
Lobito, 20.09.17

A OMUNGA, dentro da sua actividade de monitorar o actual contexto político pós-eleitoral, ouviu ontem (19), por telefone cidadãos do Monte-Belo para melhor medir o actual clima depois da visita que efectuou àquela comuna a 17 de Setembro.

Um dos cidadãos contactados, acusa o governador da provínica de Benguela, Rui Falcão, de atiçar a intolerância política e a violência, ao abordar sobre a passagem do também 1º secretário provincial do MPLA, pelo Monete-Belo, a caminho do Balombo.

Encontrou os militantes concentrados na sede comunal, onde estavam à espera dele e ele a primeira palavra disse, eu passei por cá para agradecer o trabalho feito pelos militantes do MPLA, eu agradeci muito e é mesmo assim. Continuem assim e a polícia estará à vossa trás, a polícia não estará para defender a UNITA, está mesmo para defender só vocês do MPLA. Qualquer situação a polícia estará à vossa trás. O meu muito obrigado. Agradeci muito porque vi o vosso relatório que os camaradas da UNITA levaram muitas pancadarias.”

Ainda durante a conversa, o mesmo cidadão realçou as seguintes palavras que atribui a Rui Falcão: “Ainda se tiverem tempo no próximo sábado, repitam mais o que se passou aqui. Se for possível no próximo sábado repitam o mesmo.”

De acordo a este cidadão, “isto está mais a originar que algumas populações começaram a arrumar, depois dele ter deixado esta palavra, a população do bairro Betânia já começaram a arrumar esta hora para se deslocar desta comuna.

PN SEM INVESTIGAÇÃO APONTA CONCLUSÕES? OMUNGA EXIGE INVESTIGAÇÃO SOBRE CASO MONTE BELO


Lobito, 20.09.2017
NOTA PÚBLICA
OMUNGA EXIGE INVESTIGAÇÃO SOBRE CASO MONTE BELO

Como é do conhecimento público, a 16 de Setembro (sábado) ocorreram na comuna do Monte Belo, município do Bocoio (Benguela), actos de intolerância política de extrema gravidade.

No dia 17 de Setembro (domingo), uma equipa da OMUNGA esteve no terreno de forma a recolher mais informações sobre os acontecimentos e ao mesmo tempo poder contribuir para a procura de soluções para este grave problema (intolerância política) que assola aquele município desde 2003/2004, após o cessar-fogo (acordo de paz).

Nesse mesmo dia, teve conhecimento de que uma delegação do governo provincial de Benguela esteve também no local.

Foi com preocupação que acompanhou através do portal da Angop[1], das 19h39 de 17 de Setembro, que o Comando Provincial da Polícia Nacional, através do seu porta-voz, intendente Pinto Caimbambo, que em conferência de imprensa tenha apresentado informações, como conclusivas, que possam não corresponder com a verdade dos factos e sem sequer ter desenvolvido uma investigação correta, apontando aparentemente para um desfecho do processo já declarado.

De acordo ao levantamento efectuado pela OMUNGA, a acção foi de extrema gravidade e não se vislumbra realmente um clima de verdadeira acalmia já que na manhã de 18 de Setembro, um outro militante da UNITA foi agredido, tendo ficado ligeiramente ferido na face. Foi atacado com faca e pedras.

Para se ter uma ideia da imensidão da acção de intolerância política, ficaram feridos 13 pessoas, 55 residências foram atacadas e os seus bens destruidos, queimados ou furtados, assim como 4 cantinas, 2 farmácias, 2 viaturas destruídas, 14 motorizadas, 2 motas com carroçaria queimadas, ao mesmo tempo que foram roubadas 2 motorizadas e 2 motorizadas com carroçaria, para além de outros bens desaparecidos e avultados valores em dinheiro.

É de recordar que a 26 de Maio, um outro problema de intolerância política já ocorrera naquele município, na povoação da Balança, comuna do Cubal do Lumbo que provocou mais de 3 mil deslocados. Também a 12 de Agosto, na mesma comuna (Cubal do Lumbo), foi assassinado à catanada o militante da UNITA, ADRIANO CATEVE VITI de 44 anos de idade, sem que até ao preciso momento a polícia nacional dê qualquer explicação sobre o processo investigativo.

Nesta conformidade, a OMUNGA apela para que seja reposta a verdade dos factos e seja avançada uma verdadeira investigação que responsabilize os seus autores e indemnize justamente as vítimas.


19/09/2017

POLÍCIA E ADMINISTRAÇÃO DO BOCOIO SILENCIAM-SE EM RELAÇÃO A ASSASSINATO DE MILITANTE DA UNITA


POLÍCIA E ADMINISTRAÇÃO DO BOCOIO SILENCIAM-SE EM RELAÇÃO A ASSASSINATO DE MILITANTE DA UNITA
Lobito, 19.09.17

A 12 de Agosto de 2017, foi assassinado o cidadão ADRIANO CATEVE VITI, de 44 anos de idade, ocorrido no bairro do Evole, povoação da Chicuma, comuna do Cubal do Lumbo, município do Bocoio, província de Benguela.

A 19 do mesmo mês, a Plataforma Eleitoral da Sociedade Civil – Benguela (PESCB) endereçou uma carta ao comandante municipal da polícia do Bocoio a partilhar informações e a solicitar esclarecimentos sobre o processo. A referida carta foi ainda enviada a outras entidades, nomeadamente a Administradora Municipal do Bocoio e ao Governador Provincial de Benguela. Até à presente data não recebemos qualquer resposta. Por outro lado, é preocupante o descaso demonstrado pelo Administrador Municipal Adjunto do Bocoio em relação a este caso, bem como do próprio comandante municipal da polícia.

De acordo às informações, o referido cidadão terá sido assassinado à catanada quando saía de um óbito e possivelmente o único crime que terá cometido foi em dizer “o nosso galo voa”

A OMUNGA foi ao Cubal do Lumbo e entrevistou familiares e testemunhas.

18/09/2017

INTOLERÂNCIA POLÍTICA NO MONTE BELO


INTOLERÂNCIA POLÍTICA NO MONTE BELO
Lobito, 18.09.2017

Mais uma vez, o município do Bocoio é alvo de acções de intolerância política, provocando o caos, o medo e a deslocações forçada de populares.

A OMUNGA inicialmente recebeu informações a partir do Monte Belo via telefone. As referidas informações apontavam para uma acção de grande vulto perpretada por militantes d o MPLA contra militantes da UNITA.

Preocupada com as informações, a OMUNGA decidiu a 17 de Setembro, deslocar-se ao local e poder assim, in locu recolher mais informações e poder fazer uma avaliação mais realista sobre os acontecimentos.

De acordo às pessoas contactadas, a UNITA fora informada pelo comando municipal da policia de que a 16 de Setembro, realizar-se-ia uma passeada promovida pelo MPLA para festejar a vitória dada pela CNE àquele partido e ao seu cabeça de lista, nas eleições de Agosto último.

Nessa manhã, um grupo de apoiantes do MPLA terá passado junto à sede municipal da UNITA onde terão, em geito de provocação, declarado que “o João Lourenço ganhou, vamos partir a sede da UNITA e eles vão de novo par as matas”.

Em resposta a isto, os militantes da UNITA que se encontravam na sua sede, reagiram tendo iniciado a confusão. No início, tentou-se ainda acalmar, tendo mesmo a polícia intervido no sentido de apaziguar. No entanto, após a chegada do Administrador Comunal, os efectivos da polícia foram orientados para intervir disparando contra a sede da UNITA e os militantes. Foi o ponto de partida para o alastramento da violência.

Os apoiantes do MPLA protegidos pelas forças policiais, começaram a invadir, a destruir e a queimar as residências, lojas, armazéns e bens pertencentes a militantes da UNITA.

Em consequência disto, muitos populares refugiaram-se nas matas. Houve feridos e pessoas detidas.



Em Agosto deste ano, a Plataforma Eleitoral da Sociedade Civil – Benguela (PESCB) publicou um relatório sobre a intolerância politica que se vive no Bocoio desde a assinatura dos acordos de paz. A 26 de Maio do corrente ano, um incidente ocorrido na povoação da Balança, comuna do Cubal do Lumbo, provocado mais de 3000 pessoas deslocadas. Nesse relatório apontaram-se as causas de estes acontecimentos e apresentou conclusões e recomendações. Infelizmente, o referido relatório não foi bem aceite por parte quer da Administração Municipal, quer do comando municipal da polícia. É daí que, de forma inexplicada, estas instituições decidem por desenvolver uma campanha de descrédito quer contra a Associação OMUNGA (membro da PESCB e responsável pela elaboração do referido relatório), bem como contra o seu director executivo.

De acordo ainda a informações, o próprio Administrador Municipal Adjunto, Sr. Herculano, terá proferido palavras pouco abonatórias em relação ao director executivo da OMUNGA, aquando do encontro que manteve, conjuntamente com o secretário municipal da UNITA e o comandante municipal da PN, no Monte Belo com miitantes da UNITA junto à sede comunal deste partido, com o intuito de apaziguar os ânimos, na tarde de 17 de Setembro.

Ainda hoje (18.09.2017), a OMUNGA teve informações, por confirmar, que dizem que mais um militante da UNITA terá sido agredido por apoiantes do MPLA naquela localidade.

07/09/2017

FUTUROS JORNALISTAS DA OMUNGA VISITARAM O MUSEU DE ARQUEOLOGIA EM BENGUELA


FUTUROS JORNALISTAS DA OMUNGA VISITARAM O MUSEU DE ARQUEOLOGIA EM BENGUELA
Lobito, 07.09.2017

No dia 5 de Setembro de 2017 os alunos da oficina de jornalismo da associação Omunga visitaram o museu nacionalde arqueologia no município de Benguela, acompanhados pelo formador Donaldo Sousa, onde participaram 28 crianças das duas escolas com que a Omunga tem trabalhado, nomeadamente escola do Mutu ya Kevela e do Ngolo d´areia.

Os alunos foram recebidos pela senhora Teresa Castão, que começou por dar as boas vindas e explicar o significado de museu e também esclarecendo sobre o que é a arqueologia. Os alunos poderam tirar as suas dúvidas. Depois disto a senhora Teresa começou por mostrar aguns objectos como pedras utilizadas para caçar os animais, fósseis osseos com mais de 5000 anos atrás, segundo Carbono 14, panelas de barro panelas de barro e pituras rupestres encontradas em algumas regiões de Angola.

Esta actividade teve como objectivo promover a investigação e novas descobertas no seio das crianças e adolescentes.

02/09/2017

É PRECISO QUEBRAR O MEDO. É PRECISO NÃO LUTARMOS APENAS PELO NOSSO PÃO


É PRECISO QUEBRAR O MEDO. É PRECISO NÃO LUTARMOS APENAS PELO NOSSO PÃO
Lobito, 01.09.17

O contexto político de Angola tem merecido a atenção da OMUNGA, com enfoque para a tolerância política, respeito pela diferença e a construção da paz. Por tal motivo, a 17 de Agosto, organizou-se em Luanda, no Hotel Fórum, uma edição do Quintas de Debate para a apresentação do relatório “Guerra em Tempo de Paz” que retrata a situação de intolerância vivida no município do Bocoio, Benguela, desde a desmobilização resultante dos acordos de paz.

Durante o debate, os participantes ouviram com muita atenção a intervenção de um sargento da academia militar do Lobito que desabafou sobre o actual contexto. Vale a pena ouvir.

01/09/2017

DECLARAÇÃO DA PESCB - AMBIENTE POLÍTICO PÓS ELEITORAL


DECLARAÇÃO
AMBIENTE POLÍTICO PÓS ELEITORAL

A 23 e 26 de Agosto, o povo angolano mais uma vez demonstrou a sua maturidade e o seu elevado grau de civismo ao ter acorrido às urnas com pacifismo e serenidade, tirando alguns casos denunciados oportunamente que, embora graves, não serviram para manchar o processo de votação. Queremos salientar, de acordo às denúncias, algumas dessas anomalias: esfaqueado um delegado de lista no Bailundo, mistura de urnas fantasmas com urnas verdadeiras, delegados de lista de partidos de oposição afastados à força de perto das urnas, urnas levadas pela polícia, cidadãos e membros de partidos políticos detidos por protestarem.
A população eleitora ficou com enorme expectativa aguardando os resultados. Inicia um processo pouco claro e reclamado pelos principais partidos da oposição, de divulgação de resultados provisórios pela CNE. Começa a instalar-se a agitação e os ânimos começam a alterar-se, começando a verificar-se através das redes sociais, discursos musculados e ameaçadores, para além de comunicados nada abonatórios de alguns partidos políticos, nomeadamente do MPLA.
Devemos no entanto reconhecer que,  depois desta grave situação de incerteza causada, a CNE deixou de emitir os referidos resultados provisórios e iniciou-se o arranque do escrutínio a nível das províncias. Infelizmente, de acordo ainda às reclamaões dos partidos da oposição, apenas em 3 das 11 províncias escrutinadas, foram utilizados os procedimentos legais levando ao consenso de todos os partidos, nomeadamente no Bengo, Cabinda e Zaire.
Devemos lembrar que as eleições e o processo eleitoral é um processo popular, já que é dele o direito de votar, de escolher. Infelizmente, os cidadãos e a sociedade civil não intervieram de forma concreta e atempada demonstrando o seu real interesse sobre como pretendiam que fosse definido e conduzido o processo eleitoral.
Desde o início que se deixou toda a responsabilidade quer para as instituições, quer para os partidos políticos. Foi este o facto deveras importante que excluiu desde o início, milhares de cidadãos angolanos de poderem exercer o seu direito de votar. Isto ocorreu durante o processo de registo eleitoral que não conseguiu esclarecer o facto de para estas eleições registarem-se menos de cerca de 4 milhões de eleitores comparando com as eleições anteriores e a exclusão dos angolanos na diáspora. Foram milhares de cidadãos que viram os seus nomes serem atirados para localidades distantes, que o impossibilitariam, desde logo, de virem a exercer o seu direito. Embora com algumas reclamações, não se verificou uma posição concreta no sentido de que o processo, desde logo, não excluisse os cidadãos, a parte mais interessada do processo. Já mais adiante, confrontou-se com outros obstáculos ao exercício do direito de votar, nomeadamente com a mudança de lugar de Assembleias de Voto, nomes que não apareceram no sistema, etc.
Finalmente terminamos analisando o também problemático papel da comunicação social pública, durante o processo eleitoral que não tem sido imparcial nomeadamente a TPA, RNA e a TV-ZIMBO, que ao arrepio da lei vêem difundido noticias relativas à divulgação provisória dos resultados eleitorais, sem que no entanto se tenha uma informação clara dos factos, em muitas das vezes sem recurso ao contraditório das partes concorrentes ao processo eleitoral.
Sendo o processo eleitoral um processo do povo, apelamos à população para manter a calma e a serenidade, aos partidos políticos que utilizem os meios legais e pacíficos para encaminhar as suas reclamações e resolver os diferendos, à CNE que cumpra escrupulosamente o estabelecido na lei e de forma transparente para evitar criar mais animosidade no processo, à mídia que cumpra com a deontologia que merece ser tratado um assunto como este de importância extrema para o país e para os angolanos e, à polícia e às forças da ordem e da segurança que cumpram com o seu papel de proteger o povo e que não se transformem mais uma vez num meio repressivo e de defesa da ilegalidade.

Lobito, 01/08/2017

Pela PESCB


    José A. M. Patrocínio

Director Executivo da OMUNGA



VÍDEO - SECRETÁRIO DA UNITA DO BALOMBO ACUSA O MPLA PELA INTOLERÂNCIA POLÍTICA REGISTADA NO MUNICÍPIO


SECRETÁRIO DA UNITA DO BALOMBO ACUSA O MPLA PELA INTOLERÂNCIA POLÍTICA REGISTADA NO MUNICÍPIO
Lobito, 01.09.17

A problemática de intolerância política tem sido uma das temáticas que a OMUNGA tem vindo a abordar ultimamente atendendo à gravidade da situação que se vive em grande parte do território da província de Benguela.

Prata Kumi, activista da OMUNGA deslocou-se ao Balombo e ouviu o secretário municipal da UNITA naquele município que falou sobre o assunto.

Albano Pena acusa “dirigentes do partido no poder na liderança, à testa desta intolerância política”, nomeadamente o 1º secretário do MPLA, “o Sr Silva Chacamba que emana as pessoas a rebelarem-se contra os seus próprios familiares e ele vai ao terreno onde decorrera a intolerãncia política, agradecer, pagando-os, como aconteceu no dia 22 de Fevereiro de 2017 na destruição do comite da UNITA do Chico do Waite, onde um grupo ínfimo, com picaretas, catanas, pás, sob comando do próprio 1º secretário do MPLA a orientar a destruição da casa.

O secretário da UNITA explica que “os homens da UNITA estavam a acompanhar o acontecimento e a pedirem orientações do seu mando superior, que é aqui a sede municipal, do que é que podiam fazer, mas nós percebemos que a ira como era demasiada, se retaliassem, se partissem para uma retaliação, então teria havido aí mortes, então acautelámos, achámós que deviam se manter, eles deviam continuar a fazer o que querem fazer e vocês não respondam.

De acordo ainda aos relatos, garante que comunicaram à polícia e ao administrador que “foram para o terreno, encontraram os meliantes, a polícia não agiu sobre esses terroristas.”

No entanto, Albano Pena, achou importante “realçar coisas boas”. O secretário considera que “o município do Balombo tem um figurino se calhar diferente doutros municípios”. Realçou o facto do Administrador, embora sendo do MPLA, não acumula o cargo de 1º secretário daquele partido.

Temos um administrador que embora seja do MPLA, é um indivíduo que procura sempre dirimir conflitos”. Para este dirigente partidário, “não retira efectivamente que a paz devia ser consolidada, os partidos políticos com capacidade de se efectivar em todo o território do país, efectivamente que o fizessem sem impedimentos de uma outra força política, como acontece aqui no Balombo.”

Por outro lado, o político demonstrou preocupação pelo facto de que, com a publicação dos resultados provisórios pela CNE, já se ouvem umas “vozes contundentes” e que, se os militantes da UNITA não “se mantivessem sob orientações directas” da direcção do partido, “se calhar neste território do Balombo já teria havido derramamento de sangue.

Por último, declarou, “os sobas são pai da aldeia e se são o pai da aldeia devem manter a calma- Se alguém do MPLA queira atentar contra alguém, então o soba tenha coragem de dizer que isto não deve se fazer! Se alguém da UNITA também queira criar distúrbios, então nos comuniquem que alguém da UNITA quer [fazer ta coisa]

CASA-CE DO CAIMBAMBO CONSIDERA QUE AS ELEIÇÕES CORRERAM COM ALGUMA CALMA, O PROBLEMA ESTÁ NA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS


CASA-CE DO CAIMBAMBO CONSIDERA QUE AS ELEIÇÕES CORRERAM COM ALGUMA CALMA, O PROBLEMA ESTÁ NA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS
Lobito, 01.09.17

No âmbito de monitorar o ambiente em contexto eleitoral, a OMUNGA tem vindo a fazer visitas aos municípios do interior de Benguela para contactar os diferentes agentes eleitorais.

Foi neste contexto que ouviu o secretário municipal da CASA-CE do Caimbambo, Fonseca Chaves que considerou que a fase da campanha decorreu dentro de alguma acalmia, tirando o facto de terem continuado a ocorrer os processos de retirada de bandeiras dos partidos da oposição.

Abordou também o facto de no dia 23, ter-se registado a presença de sobas nas portas das assembleias de voto a influenciar os eleitores. Disse ainda que a intolerância política continua e deu como exemplo o facto de duas delegadas de lista da CASA-CE terem sido expulsas de casa pelos seus familiares.

De uma forma geral, Fonseca Chaves considera que o grave problema está a ocorrer agora neste momento de apuramento e divulgação dos resultados eleitorais.