22/05/2015

GRUPO QUE VISITOU CABINDA PREOCUPADO COM ESTADO DE SAÚDE DE MARCOS MAVUNGO E EXIGE A SUA IMEDIATA LIBERTAÇÃO


GRUPO DE APOIO AOS PRESOS POLÍTICOS ANGOLANOS
NOTA DE IMPRENSA
SOBRE A VISITA DA DELEGAÇÃO DO ABAIXO-ASSINADO PELA LIBERTAÇÃO DOS ACTIVISTAS PRESOS EM CABINDA

O Grupo de iniciativa do Abaixo-Assinado preocupados com a situação legal e de saúde do activista dos direitos humanos José Marcos Mavungo, detido desde o dia 14 de Março de 2015, promoveu uma visita a Cabinda com o objectivo de contactar as entidades oficiais relacionadas com o caso, os ex-presos e respectivos familiares, advogados de defesa, bem como o detido, para obter informações actualizadas e fiáveis sobre o referido processo.

Durante a visita a Delegação manteve encontros com os advogados, Director dos Serviços Prisionais, ex-detidos Arão Tempo, Alexandre Nsito e Zeferino Puati, esposa de José Marcos Mavungo, bem como o activista, ainda encarcerado José Marcos Mavungo. A Delegação manteve uma conferência telefónica com o Sub-Procurador Geral da República em Cabinda e foi-lhe recusada expressamente audiência por parte de sua Excelência Governadora Provincial de Cabinda, e não obteve qualquer resposta do Delegado do Ministério do Interior.

Dos contactos realizados a Delegação releva o seguinte:
1.       Dr. José Marcos Mavungo encontra-se numa situação crítica do ponto de vista da sua saúde com sérios problemas cardiacos e no figado, resultante da detenção arbitrária debaixo de um aparato militar incomensurável, dos maus tratos infligidos na cadeia e da recusa em ser tratado em tempo oportuno por médico pessoal. O detido corre perigo de vida!
2.       Dr Arão Tempo, Presidente do Conselho Provincial da Ordem dos Advogados em Cabinda, que se encontra em liberdade mediante termo de identidade e residência, encontra-se bastante debilitado devido as torturas fisícas e psicologicas e sua saúde inspira cuidados urgentes!
3.       As prisões ocorreram na sequência da proibição ilegal e inconstitucional com base na  informação sobre a pretenção da realização de uma manifestação, marcada para o dia 14 de Março, com vista a denunciar a situação de violação dos direitos humanos e da má governação em Cabinda.
4.        As detenções foram feitas directamente, por policias da ordem pública e investigação criminal sem o competente mandado de captura, nem em qualquer situação de flagrante delito.
5.       Os detidos foram inicialmente acusados por crime contra a tranquilidade pública e pelo crime contra a segurança do estado, designadamente crime de Sedição e de Rebelião, sem que, até ao momento tenha sido apresentadas provas que indiciam a prática de tais crimes.
6.       No entanto, o Ministério Público resolveu remeter o assunto a DPIC (Direcção Provincial de Investigação Criminal) para investigação e recolha de provas, retendo ainda J.M. Mavungo na  cadeia.
7.       O Ministério Público informou a Delegação que a DPIC tem mais seis (6) dias para concluir as suas investigações, perante as quais o mesmo tomará uma decisão em função de novos elementos relevantes se os houver.
8.       Sabe-se, contudo, que a acusação de que o Dr J.M.Mavungo teria surripiado explosivos da Base Petrolífera de Malongo, onde trabalha, foi já rejeitada pela companhia petrolífera pelo facto da mesma utilizar outro tipo de explosivos para a sua actividade productiva.

Perante tal situação a Delegação reafirma que estamos perante um processo iniciado por ilegalidades e inconstitucionalidades e prossegue com um julgamento incoerente e com intenções malévolas, com a tentativa de forjar provas e sacrificando o direito à vida e a liberdade de cidadãos idóneos bem como de seus familiares, incluindo crianças.

Assim sendo a Delegação apela:
1.       Ao Ministério Público como garante da legalidade:
a)       Seja posto em liberdade José Marcos Mavungo;
b)       Que haja um julgamento célere e justo de todos os processos;
c)       Sejam suspensas as torturas e maus tratos físicos e psicológicos na prisão e sejam tomadas medidas imediatas de salvaguarda da vida do Dr J.M.Mavungo.

2.       Que seja aberto um diálogo entre o Governo e a sociedade civil em Cabinda permitindo a livre expressão dos cidadãos em manifestações de acordo com o postulado constitucionalmente.

3.       A sociedade civil deve reforçar a sua combatividade pela libertação de J.M. Mavungo, em particular, e na defesa dos direitos humanos e da democracia em Cabinda.
Cabinda aos 20 de Maio de 2015.
A Delegação da iniciativa do Abaixo-Assinado.
1.       Alexandra Simeão
2.       Emílio Manuel
3.       Filomeno V. Lopes
4.       João Alfredo Adão
5.       João Malavindele Manuel
6.       Rafael Morais


Para mais informações:
Porta-vozes: Rafael Morais: 933 318 170; Filomeno Vieira Lopes 923 303 734

Jurídicas: Advogado Dr Luemba 925 848 139

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