20/06/2016

CASO GOLFE CONTINUA E FAMÍLIAS NÃO CRUZAM OS BRAÇOS PERANTE A LUTA


Parece que o caso que envolve 5 famílias e a senhora Nádia Furtado, em relação a terrenos no Bº do Golfe, zona alta do Lobito, continua a fazer correr muita tinta.

A OMUNGA tem vindo a acompanhar este processo desde há já algum tempo, em resposta da solicitação destas 5 famílias que representam 160 pessoas.

Considerando que não estão a conseguir qualquer resultado concreto a nível do município e da província, as famílias decidiram recorrer ao Presidente da República para ver se conseguem ver reconhecidos os seus direitos.

No entanto a OMUNGA tomou conhecimento de que as famílias voltaram a ser contactadas pela Administração Municipal do Lobito e que deverão ter assim mais um encontro amanhã, 21 de Junho de 2016.

De acordo à carta enviada ao Presidente da República, as famílias explicam que “as terras que hoje se encontram em conflito com a senhora Nádia Furtado, localizadas no Bº do Golfe, na cidade do Lobito, foram usadas para o cultivo pelos nossos avós em 1937. Com a morte dos avós, os nossos pais herdaram as mesmas e continuaram a usar para a mesma utilidade (cultivo), onde tempos depois nós como filhos começamos a tomar controle das terras uma vez que os pais estavam a perder as forças para aquele trabalho e visto que é um direito que nos cabe.”

As famílias dizem que cultivaram “naquelas terras até o ano de 2010” e devido à falta de chuvas tiveram que parar, mas sempre atiravam sementes e não deixavam de visitar o local uma vez que lhes pertence.

Uma vez que já não havia chuvas e tendo em conta o crescimento das familias e velando pela nossa situação social (vivendo em casas de rendas), em 2013 remetemos um documento na administração municipal do Lobito solicitando a legalização daquelas terras para podermos fazer a cosntrução das nossas casas. Como não sabiamos como o processo iria andar na administração, ainda em 2013 solicitámos a ajuda de um senhor com o nome de Mateus Catchama (Motociclista) que depois solicitou também a ajuda de um outro senhor com o nome de Zezito Garcia que veio falar pessoalmente connosco se disponibilizando a nos ajudar a obter os documentos de legalização das nossas terras”, continuam a esclarecer as famílias.


As famílias dizem ainda que “mais tarde o senhor Zezito explorou-nos “peixes, cabritos, porco e lagostas”, dizendo que era para entregar ao Governador Provincial de Benguela para acelerar o processo dos documentos,e um valor na quantia de 50.000 kwanzas para continuar com o processo dos documentos. Com o andar do tempo, vimos que o senhor Zezito estava a nos dar muita volta.”

Para além destes senhores denunciados pelas famílias, outros nomes são apontados neste esquema de terrenos, sem no entanto parecer mostrar qualquer interesse quer ao Administrador Municipal do Lobito como ao Governador Provincial de Benguela, como se nenhum problema se tratasse ou pior, como se fosse algo normal pedir-se cabritos, peixe e dinheiro para o governador agilizar o processo.

Por outro lado, as famílias explicam como foi 2015. “Em 2015 foi o ano mais duro, visto que a pressão policial na tentavida de nos retirar do local à força e vedarem para a senhora Nádia Furtado aumentou. Os fiscais iam para o local coma a policia acompanhados com facas e catanas para nos ameaçarem a sair do local. Como exemplo, no dia 20 de Março de 2015 fomos surpreendidos com 22 viaturas, onde 10 eram da policia, entre eles DNIC (Policia de Investigação Criminal) e PIR (policia de intervenção rápida), fardados, com várias armas e principalmente com os cães, e começaram logo a amarrar e a espancar, as pessoas que lá se encontravam quer sejam jovem, idosos ou crianças, e pelo menos 7 pessoas foram brutalmente levados pela policia e alguns até sem roupa. No mesmo dia fomos ter com o senhor governador provincial de Benguela e também não fomos bem atendidos.

Devido aos grandes tormentos que a policia e os agentes da ficalização estavam a nos fazer passar e tendo em conta o medo que nos assolava de perdermos as nossas terras, no dia 30 de Março de 2015, batemos às portas de uma associação, explicando a situação e solicitando a sua intervenção, começámos a ser acompanhados e ajudados pela mesma no sentido de chegarmos a uma resolução sem tormentos.

Apesar das dificuldades, com a ajuda dessa associação, conseguimos levar a situação ao governador, conseguimos que a policia deixasse de nos atormentar, conseguimos criar laços com a administração municipal do Lobito. Mas não é o suficiente porque continuam com o plano de darem as nossas terras á senhora Nádia furtado.

A 23 Outubro de 2015, às 10 horas, as famílias foram supreendidas pelos funcionários  da Administração  Municipal do Lobito  e agentes  da  polícia  da 1ºesquadra, 2º esquadra, 3º esquadra 4º esquadra, PM e PIR, com objectivo de  destruir os  pertences  da  comunidade. Os funcionários da Administração que chegaram  com uma  máquina  para destruir  os  alicerces e materias,   partiram os  blocos, rasgaram  os  sacos  de cimento, derrubaram  os  montes  de  areia e brita, destruiram  as canalizações  de água, levaram  todos  os materias de  construção  dos  mestres e derrubaram  as  cabanas.”

As famílias contactaram Armando da Cruz Neto “que garantiu  que  não  cedeu  nenhum  terreno à  senhora  Nádia Furtado, mas  o Administrador  e  Governador  defendem  que  o  terreno  pertence à senhora  e foi dado pelo Sr. Armando da Cruz Neto. Nós sabemos  que somos  os  herdeiros  deste  terreno  e não  conhecemos a  senhora  Nadia  Furtado. Mas como  falam que  ela   tem documentos e nós  nunca  vimos  esses tais documentos?” Questionam as famílias!

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