17/10/2015

ADMINISTRADOR DO LOBITO AGRIDE POPULARES EM DEFESA DE NÁDIA FURTADO, EM LITÍGIO DE TERRAS NO BAIRRO DO GOLFE


Uma comunidade localizada no bairro do Golfe, junto à via Cajendende, no Lobito, continua a sua luta pelo direito à terra.

De acordo às informações, essas terras eram, ainda no tempo colonial, utilizadas pelas famílias para processos agrícolas que aos poucos foi perdendo a sua produtividade devido à diminuição das quedas pluviométricas.

É assim que decidem legalizar os respectivos terrenos mas já com o objectivo de fazerem a construção das suas habitações, para os familiares como filhos, sobrinhos e netos.

Depois de muitas tentativas junto da administração municipal e sem sucesso, eis que, recentemente, surge a cidadã Nádia Furtado, funcionária daquela administração e filha da então vice-procuradora geral da república, Paula Furtado e familiar do general Francisco Pereira Furtado, ex chefe do estado maior das FAA, reclamando pelo mesmo espaço. Nãdia Furtado garante que o terreno lhe pertence uma vez que lhe fora cedido pelo então governador provincial de Benguela, general Armando da Cruz Neto.

A comunidade já fez recurso ao actual governador provincial, engº Isaac dos Anjos mas sem qualquer êxito. Os mesmos, os populares, têm documentos que provam terem feito a devida solicitação de autorização de cedência dos referidos terrenos para efeitos de construções.

Actualmente, estas pessoas vivem em zonas de risco e viram, em Março deste ano, seus bens e amigos a desaparecerem com as chuvas. Esta é uma outra razão que lhes leva a lutar por estes terrenos que se encontram numa zona segura. Por outro lado, os mesmos não estão a pedir ao estado angolano para que lhes dê casas mas que apenas respeite o seu direito e lhes autorize as construções que serão erguidas com o seu próprio esforço.

Infelizmente, o novo administrador municipal, Alberto Ngongo, tem vindo a reforçar a posição autoritária querendo fazer a demarcação dos terrenos a favor de Nádia Furtado. É assim que convocou um encontro na administração municipal onde demonstrou a sua posição arrogante e agressiva, tendo mesmo mandado calar os cidadãos e expulso da sala a maioria dos moradores, incluindo o activista da OMUNGA que foi convidado pela comunidade a acompanhar o processo.

Depois disso, já na manhã de ontem, houve a tentativa de fiscais dirigidos pelo vice administrador e policiais de diferentes esquadras entrarem no terreno para a sua demarcação. A comunidade resistiu e impediu que tal foi realizado. No entanto houve ameaças contra a população tendo mesmo um dos agentes ter ameaçado com uma arma de fogo e com bala na câmara. A população recorreu mais uma vez à OMUNGA e o seu coordenador deslocou-se ao terreno onde poude ouvir os factos ocorridos (vídeo abaixo)

Segundo os populares, depois da saída do local, da equipa da OMUNGA, por volta das 17 horas, 3 viaturas da 1ª, 2ª e 4ª esquadras e uma viatura do arquitecto Miguel, da administração municipal, conjuntamente com os comandantes da 2º e 4º esquadras, com a mesma intenção, acompanhados por um efectivo de cerca de 30 agentes. A população impediu que fosse realizada tal demarcação e expulsou aquela delegação do terreno.

Já na manhã de hoje (17 de Outubro), por volta das 6 horas, o comandante municipal do Lobito, cte. Diamantino com o comandante da 4º esquadra, estiveram no terreno para que o comandante municipal pudesse conhecer a localização do terreno em conflicto. A população insatisfeita voltou a expulsar os comandantes.

Em sequência, pelas 11 horas, um contingente de cerca de 40 agentes em 5 viaturas, invadiram o terreno armados e portando ainda catanas e facas, agredindo e ameaçando a população que foi resistindo, chegando a destruir todas as barracas que têm servido de abrigo da população para a protecção do terreno, como foram destruídos os tanques de plástico de reserva de água e outros bens pessoais, como as panelas.

Desta acção resultou o ferimento de 3 cidadãos todos do sexo feminino, sendo uma criança, uma jovem e uma idosa. Foram ainda detidos e levados dois cidadãos para parte incerta.

A OMUNGA continuará a acompanhar este processo exigindo o respeito pelo direito dos populares ao uso da terra e apela para que a administração e o governo provincial ponham fim à violència policial.

Imagens do activista Alberto César

Sem comentários: