22/10/2015

ADMINISTRADOR DO LOBITO ESCORREGA NO CONFLITO QUE OPÕE A POPULAÇÃO NO Bº DO GOLFE E A FILHA DA EX-PROCURADORA-GERAL ADJUNTA


Em declarações feitas nestes dias, Alberto Ngongo, administrador do Lobito desde há cerca de dois meses, pretende argumentar a arrogância da Administração Municipal do Lobito e do comando municipal da polícia, em defesa de Nádia Furtado, funcionária daquela administração, filha de Paula Furtado, ex-Pruradora-geral adjunta e familiar do general Francisco Pereira Furtado, ex-chefe do estado maior das FAA, num conflito que ele diz ser com 67 famílias, que usam aqueles terrenos há dezenas de anos e que lutam pela posse de documentos desde 2013.

A 14 de Outubro, o administrador convocou apenas 5 nomes da comunidade, que só ele sabe como seleccionou, para um encontro na sua “casa” para discutir sobre o assunto. Devemos entender que a sua “casa” refere-se à administração municipal do Lobito já que o mesmo terá dito “aqui é a minha casa e aqui quem manda sou eu!” durante tal tentativa de encontro.

Os demais dos cidadãos, incluindo o activista da OMUNGA, Domingos Mário, foram expulsos da sala. Nesse encontro, Alberto Ngongo quiz impor a decisão da sua administração de proteger os interesses da sua funcionária exigindo dos moradores antigos que acatassem sem reclamação tal decisão e que, tudo poderia acontecer, como detenções, caso não aceitassem.

Os moradores tanto não só não aceitaram como imediatamente reagiram. Dirigiram uma carta ao governador provincial, Isaac dos Anjos, a demonstrar a sua insatisfação em relação a tal encontro e a reclamar pelos seus direitos, insistindo que não abandonarão os referidos terrenos.

O administrador, ainda dentro da sua lunática ideia de tudo ter e tudo poder, enviou a 16 de Outubro, pela manhã uma equipe da administração acompanhada por cerca de 30 agentes da polícia nacional, ao respectivo terreno, para fazerem a demarcação dos 12 hectares que esta cidadã diz que lhes foram dados pelo ex-governador provincial, Armando da Cruz Neto. Os moradores resistiram, lutando pelos seus direitos e expulsaram esta tão resguardada comitiva. Daqui surgiu a ideia de se voltar a ter um encontro a 21 de Outubro que deveria ocorrer precisamente no local de litígio e não na 4ª esquadra conforme queria a delegação opinar.

Infelizmente, nesse mesmo dia à tarde, novamente uma delegação do género voltou ao terreno, com o mesmo intuíto e teve a mesma reacção da comunidade. Não houve qualquer hipóteses de fazerem a demarcação pretendida mesmo que tivessem a protecção de tantos agentes da polícia.

Já na manhã seguinte, por volta das 6 horas, o comandante municipal da polícia do Lobito, sr. Diamantino, foi ao local, aparentemente com intuíto de ver o terreno em conflito. Mais tarde terá chamado o comandante da 4ª esquadra. A população insatisfeita voltou a expulsar os ditos comandantes que também insatisfeitos chamaram as forças da “ordem pública”. É assim que, por volta das 11 horas, cerca de 40 agentes policiais invadiram o terreno, com armas de fogo e de catanas, ameaçando, agredindo e destruindo as cabanas ali existentes, os reservatórios de água e os utensílios de cozinha. Não satisfeitos, levaram também detidos os jovens Sabalo Fernando Miapia e Daniel Tchicuma que estão a ser julgados sumariamente. A próxima sessão será amanhã no tribunal provincial do Lobito.

Alberto Ngongo já fez várias declarações públicas em resposta a este caso que começa a ter espaço na média. As importantes perguntas que sempre teremos que colocar é: Porque a comunidade nunca conseguiu a legalização dos terrenos e porque se acham no direito de ser atendidos antes de qualquer outra decisão da administração e do governo provincial? Porque motivo o administrador municipal e a polícia pretendem proteger os interesses de Nádia Furtado? Quem afinal está por detrás a tentar impor decisões? Que legalidade acompanham as arrogàncias de Alberto Ngongo?

Aquela comunidade tem um historial que a relaciona àquelas terras desde há décadas. De acordo às informações e confirmadas pelas autoridades tradicionais deste município, ainda na época colonial, 5 famílias utilizavam aquelas terras (que apenas eram terras suburbanas e/ou peri-urbanas) para fins agrícolas. Com o tempo as terras foram perdendo a sua produtividade precisamente ligado às alterações climatéricas, com a diminuição das quedas pluviométricas (as chuvas). Veio depois o tempo da guerra também. No entanto, como as famílias, que eram apenas 5, se foram reproduzindo e ampliando famílias, porque daí vieram os filhos, os netos, os sobrinhos, e porque se encontram a viver em zonas de risco, tanto que viram neste último Março muitos dos seus haveres a irem com as chuvas, como familiares e amigos, decidiram então, em 2013, solicitar a legalização daqueles terrenos para fins habitacionais. Muita tinta rolou, muita energia rolou mas nunca conseguiram qualquer documento da administração municipal do Lobito a seu favor. Era na altura Amaro Ricardo o administrador do Lobito.

Houve até quem tenha cobrado desta comunidade, um cabrito, um porco, peixe seco, lagostas e 50000,00Kz, para dar ao governador provincial (o actual, Isaac dos Anjos) para acelerar o processo. Só ele pode dizer se pediu tal pagamento ou não ou então processar quem nesta negociata está envolvido.

Apareceu depois o nome de Nádia Furtado. A dita funcionária da administração municipal, filha de Paula Furtada a ex-procuradora-geral adjunta e familiar do general Francisco Pereira Furtado o ex-chefe do estado maior das FAA, diz que Armando da Cruz Neto, enquanto era governador provincial de Benguela, lhe terá dado tal terreno. Inicialmente que era de 8 hectares e que agora já é de 12 hectares. O governador nunca visitou tal área, não se preocupou em saber sobre precedentes histórios e nem sequer analisar se teria ou não competências para efectuar tão humilde oferta.

Mas como competências não se discutem, como disse nestas últimas declarações de Alberto Ngongo, como forma de justificar tamanha arrogância e violência, vem o mesmo publicamente, incriminar o tribunal, já que, pela primeira vez, mas muito convictamente, declara que apenas cumpre decisões do tribunal e contra o tribunal ninguém se pode opor. Ah pois.............

De trambolhão em trambolhão, o novo administrador esqueceu-se que existem regras e leis.

Primeiro, o espírito da construção da Nação Angolana é o de defender a todos os cidadãos, iguais direitos. 
Assim, nesse ponto teríamos que dizer que quer aquela comunidade, pobre, mas honesta, como a cidadã Nádia Furtado, funcionária da administração municipal do Lobito, filha de Paula Furtado, ex-procuradora-geral adjunta e familiar do general Francisco Pereira Furtado, ex-chefe do estado maior das FAA e que recebera tal oferta do ex-governador provincial de Benguela, general Armando da Cruz Neto, são iguais em direitos e deveres.

Segundo, que aquela comunidade tem uma história provada na sua relação com aquele espaço que, infelizmente, Nádia Furtado, filha de Paula Furtado e parente de e todos des, não tem.

Terceiro, que aquela comunidade decidiu recorrer à administração do Lobito para a devida legalização daqueles terrenos a seu favor muito antes de surgir a Nádia Furtado, filha de Paula Furtado, ex-procuradora-geral adjunta e familizar do general Francisco Pereira Furtado, ex-chefe do estado maior das FAA e beneficiária de uma oferta de 12 ha de terra pelo general Armando da Cruz Neto, ex-governador provincial de Benguela.

Quarto, que de acordo à lei de terras, Lei nº 9/04 de 9 de Novembro de 2004, no seu 43º artigo, ninguém, mas mesmo ninguém, nem administrador, governador, conselho de ministros nem tribunal pode autorizar a concessão de uma área urbana superior a 2 ha. (nesta entrevista o administrador considera a referida área em conflito como sendo uma área urbana de luxo, já que se por acaso fosse considerada uma área sub-urbana, a concessão poderia chegar até aos 5 ha)

Quinto, que aquela comunidade, de acordo às declarações de Alberto Ngongo, representam pelo menos 67 famílias que por isso, não podem ser deferidas em favor apenas de uma cidadã, neste caso Nádia Furtado, funcionária da Administração Municipal do Lobito, filha de Paula Furtado, ex-procuradora-geral adjunta e, familiar de Francisco Pereira Furtado, general e ex-chefe do estado maior das FAA, que diz ser beneficiária de uma prenda de 12 ha de terras, doadas pelo general Armando da Cruz Neto, ex-governador provincial de Benguela.

Sexto, que o administrdor do Lobito, apresente a decisão do Tribunal que ele garante existir (fê-lo apenas agora) a favor de Nádia Furtado.

Sétimo, que Alberto Ngongo justifique a falha administrativa que incorre em crime, por não ter aquela administração resolvido em vários anos, a demanda de tantas famílias (67 segundo as suas declarações) sobre a legalização dos seus pedidos de concessão de terrenos.

Ah pois.............. E assim vai o nosso Lobito e a nossa Angola no 40º aniversário de 11 de Novembro.


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