24.10.2016
REGISTO ELEITORAL FEITO PELO EXECUTIVO É UMA INCONSTITUCIONALIDADE, CONSIDEROU MARCOLINO MOCO, EM BENGUELA
"a minha exposição é feita em nome individual, sem alinhamentos
político-partidários"
Marcolino Moco salientou que "o problema do processo eleitoral
angolano, não deve ser encarado apenas como sendo jurídico, no sentido estrito,
mas num sentido muito mais amplo que passa por considerações históricas e
sobretudo de atitudes dos agentes políticos, no país, onde naturalmente os
juristas deveriam assumir um papel mais patriótico, tendo em conta a fase de
construção do Estado Democrático e de Direito, em que nos encontramos".
(...) "não é no plano técnico-jurídico que reside o problema
fundamental que deve ser atacado porque aflige essencialmente os partidos
políticos da oposição."
Marcolino Moco palestrava na tarde de sexta-feira, 21 de Outubro, a convite
da CASA-CE, em Benguela, no Cine Monumental, para apresentar as suas opiniões
em torno do processo eleitoral em Angola.
O palestrante considerou que "atribuir á estrutura do executivo,
tarefa tão central, como a do registo eleitoral, como faz o artigo 14 da lei, é
uma inconstitucionalidade flagrante, perante as normas conjugadas dos artigos
107 número 1, que habilidosamente, pus entre aspas, que não é referido no preâmbulo
da lei, que diz que os processos eleitorais são organizados por órgãos de
administração eleitoral independente. Outros artigos conjugados a este primeiro,
o 6º número 1, 226 números 1 e 2, e na esteira deste dispositivo, os operadores
do direito não desconhecem todo o conjunto de normas constitucionais e
complementares do processo constitucional em que se sumiria a questão em se
conhecer e ser declarada a inconstitucionalidade pelos tribunais competentes"
e continuou "mas tanto o quanto eu sei, inclusive quando alguns comissários
da oposição questionaram, ou organizaram-se para questionar este problema à
própria assembleia nacional, parece que foram ameaçados de serem sancionados. É
lamentável!"
"A questão é que devido à existência do tal problema adjacente, os
tribunais competentes, nunca, numa matéria como essa, agirão nos termos da
Constituição que só é boa quando favorece os donos do poder!"
Já no período de debate, foram levantadas inúmeras questões, nomeada pelo
jurista Branco Lima que considerou o Marcolino Moco como ex dirigente do MPLA
que agora critica essa mesma estrutura. Este participante mostrou-se preocupado
sobre "aonde quer levar os jovens (?), se foi você que nos trouxe até
aqui, porque foi dirigente, foi líder, foi você que nos apoiou", para
depois questionar sobre o facto de Marcolino Moco declarar que "os juristas
não têm tido convicção, que os juristas não têm exercido o seu papel, descredibiliza
os juristas, descredibiliza a ordem jurídica tão importante para a manutenção
do nosso Estado de Direito, descredibiliza as instituições públicas, descredibiliza
a figura de quem, até foi o seu próprio presidente, aquele a quem vossa
excelência rendeu homenagem e vem aqui chamá-lo de gatuno, de monarca e noutros
termos." A isto Marcolino Moco disse que Branco Lima "disse uma coisa
muito grave, que eu chamei o presidente de gatuno? Não, eu nunca disse isso!",
para depois encorajar o jurista a apresentar provas sobre tais declarações.
Vídeos e fotografia de Domingos Mário
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