A vedação do terreno que há 14 anos Bento Adriano reclama como seu
23-09-2016
"SE NÃO QUISERES, PERDES TUDO"
Foram estas as palavras que o administrador municipal do Lobito, Alberto Ngongo,
terá dirigido a Bento Adriano, quando chamou este ao seu gabinete.
Bento Adriano anda há 14 anos à espera que a Administração Municipal do
Lobito resolva o seu problema. Na altura, terá requerido um terreno no Compão
com o propósito de construir a sua residência. Depois de ter feito todo o
processo e de ter pago o que lhe exigiam para os cofres do Estado, eis que
começam os conflitos.
Na altura em que, confiado na documentação que possuía, pretendia iniciar a
obra, chega um outro cidadão que destrói o que encontrou e se instalou
autoritariamente, aclamando ser aquela parcela de terra, sua propriedade.
Realmente, nunca apresentou qualquer documentação.
Com o propósito de evitar conflitos e confiando na boa fé das instituições,
recorreu de novo à administração municipal que reconheceu o erro e prometeu
solucionar o problema. Afinal, a administração tinha cedido o terreno a dois
cidadãos.
A solução não tem aparecido e Bento Adriano tem recorrido a todas as
instituições e instâncias, quer a nível da província como a nível nacional.
Primeiro contactou o Governo Provincial de Benguela em que a área jurídica
despachou a seu favor e exigindo solução da Administração Municipal do Lobito.
Infelizmente sem sucesso. Recorreu depois à Assembleia Nacional que voltou a
remeter o processo ao governo provincial. Novas cartas, novos passos, mas sem
sucesso.
Cansado, Bento Adriano dirigiu recentemente uma carta de reclamação ao
presidente da república. Em seguida, surgem algumas aberturas. O governo de
Benguela volta a solicitar à administração lobitanga uma solução e sugere mesmo
que pudesse ser-lhe dada uma parcela no terreno que se encontra em litígio entre a comunidade e a Sra. Nádia Furtado, no bairro do Golfe.
Finalmente, o administrador municipal contacta Bento Adriano e avisa que
"se é que quer" ser-lhe-á dada uma parcela de terra na Hanha - Praia.
A equipa da OMUNGA acompanhou Bento Adriano até à zona que fica a cerca de
30 km do centro da cidade do Lobito e avaliar as condições. No terreno não
existem quaisquer infraestruturas e portanto é uma zona com planos de urbanização
futura.
No terreno ouviu-se alguns populares que garantem que cada bidon de água
custa 100 kwanzas, existe uma pequena escola primária que as crianças levam
cerca de 40 minutos para percorrer a pé e nem tem posto de saúde.
Muro que limita o terreno que Bento Adriano adquiriu à administração do Lobito há 14 anos
Lembrar que o terreno inicialmente adquirido por Bento Adriano
localizava-se no centro da cidade e que, até ao momento, não teve qualquer
construção. A OMUNGA foi visitar também este terreno e apenas verificou a
existência de um muro e nada mais. Porque será que a Administração não decide
realmente na cedência desse mesmo terreno a Bento Adriano já que durante 14
anos o outro beneficiário não efectuou qualquer construção.
Desiludido, Bento Adriano desabafou: "isto é uma utopia, eu não
aceito!"