A 23 de Julho de 09, teve lugar mais uma sessão do QUINTAS DE DEBATE.
Aproveitamos para transcrever o texto
da apresentação de
Makuta Nkondo
Vida e obra dos pais da independência da África
Antes de falarmos dos pais da independência de Angola, nomeadamente Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi, demos uma olhada à obra e vida dos chefes de Estados de África da primeira geração, que são os pioneiros da libertação e da unidade do continente africano.
Vamos tentar percorrer o caminho seguido por estes pais da África, falarmos dos Blocos existentes antes da fundação da Organização de Unidade Africana (OUA), em 1963, em Addis Abeba, capital da Etiopia.
Na altura, o modelo do poder totalitário vigorava em toda a África, a benefício da guerra-fria e dos interesses coloniais. Foi o modelo de chefe de aldeia (chef du village) tão defendido por Mobutu, segundo o qual numa aldeia só existe um chefe e este não coabitava com o chefe da oposição.
Um filho que nasce com duas cabeças é um monstro, argumentam os líderes africanos.
Segundo o jornalista Siona Bole Casimiro wa Tulanta, Chefe de redacção do jornal católico “O Apostolado”, correspondente da Associeted Press (AP) e Representante da (Repórter sem fronteiras) e membro da de MISA-Angola, o conhecimento científico das relações internacionais, das relações entre Estados e das relações económicas, eram deficientes por parte dos pais da Independência dos países africanos.
Por exemplo, a baixa brusca dos preços de café e cacau, produtos de base da economia do Ghana, originou a queda de Kwame Nkrumah, que era o pai do Panafricanismo. Nkrumah foi o autor da teoria da libertação de África e da Unidade Africana. Ele (Nkrumah) distinguiu-se na libertação total da África.
Kwame Nkrumah era o líder do Bloco de Casablanca (capital do Reino de Marrocos) – onde se realizou a primeira reunião dos Chefes de Estados africanos – que dava primazia à libertação de África pela via armada e à construção de um governo panafricano. A libertação de África pela via armada era preconizada por Franz Fanon.
O grupo de Casablanca era designado como Progressista.
Nkrumah foi autor de um livro sobre o Panafricanismo. Outras figuras de relevo do Bloco de Casablanca são nomeadamente Modibo Keita, presidente do Mali, Sekou Touré, Presidente da Guinée-Conakry, Bem Bela da Argélia, Bem Barka (Marrocos), Gamal Abdel Nasser (Egipto), Ahmadou Ahidjo, dos Camarões, Julius Nyerere da Tanzânia, Milton Obote do Uganda, David Dako da República Centro africana (RCA), Maurice Yameogo, do Alto Volta hoje Burkina Faso, François Ngarta Tombalbaye do Tchad, o rei Mohamed V do Marrocos.
Outro Bloco foi o Grupo de Monróvia (capital da Libéria) que tinha como figuras de destaque Houphouet Boigny da Côte d´Ivoire, Léopold Sedar Senghor do Senegal, Tsiranana de Madagáscar, o abado Fulbert Youlou do Congo-Brazzaville, William Tubman da Libéria e Joseph Kasa-Vubu da RDCongo.
Este grupo (de Monróvia) estava a favor da libertação de África, mas não apostava muito na luta armada. Apostava no diálogo e dava primazia à formação da Unidade Africana.
O bloco de Monrovia era rotulado na altura como Grupo de conservadores.
O primeiro Secretário-geral da OUA (Organização da Unidade Africana) foi Dialo Telli, de nacionalidade de Guinée-Conakry. Sekou Touré, que ficou com o medo da projecção internacional de Dialo Telli, nos seus contactos com franceses e ingleses, temendo perder o poder, deteve o homem e matou-o na prisão.
Cada grupo, de Casablanca e de Monrovia, tinha alguns elementos positivos.
Os pontos positivos para o Grupo progressista (Bloco de Casablanca) são a maior contribuição na queda dos bastiões portugueses e dos redutos ingleses como o Malawi e a Federação da Rodésia (Rodésia do norte e do sul), que são hoje a Zâmbia e o Zimbabwe. Foi mais difícil a libertação da Rodésia do sul, Zimbabwe, que só foi nos anos 80, da Namibia e o fim do Apartheid na África do sul.
Para o outro campo, o Grupo de Monrovia ou de conservadores, o factor positivo é a visão mais realista e eficiente para caminhar para a Unidade africana. Dava primazia aos factores económicos como o Caminho-de-ferro de Benguela (CFB). Os projectos de caminho de ferro único e de uma estrada única entre o Cabo (África do sul) e o Cairo no Egipto que serviriam para unificar os povos, foram abandonados, assim como as relações panaétnica que iriam acabar de nos dividir.
No meio, houve um certo número de líderes que se inclinavam para a aproximação dos dois campos, nomeadamente o Imperador Hailé Selassié da Etiópia, Tafa wa Balewa da Nigéria. Estes contavam com a flexibilidade dos grandes líderes dos dois grupos, como Houphouet Boigny, Nkrumah, Sekou Touré, Nasser, Nyerere, Jomo Kenyata, Tom Mboya e Oginga Odinga do Kenya.
Patrice Emery Lumumba, primeiro-ministro da República Democrática do Congo (RDC), era Panafricanista. A guerra da RDC entre o Presidente Kasa-Vusu e o Primeiro-ministro Lumumba, era o ponto mais evidente da divisão dos dois blocos de líderes africanos. Os progressistas ou Bloco de Casablanca estavam do lado de Lumumba e os conservadores do grupo de Monrovia defendiam Kasa-Vubu.
A existência destes blocos, de Casablanca e de Monrovia, aconteceu antes da fundação da OUA (Organização da Unidade Africana) em 1963.
Na altura, Holden Roberto trabalhou no Gabinete de Nkrumah como assistente, com o nome de Gilmore. Holden Roberto, Franz Fanon e o camaronês Félix Moumié, líder da União das Populações dos Camarões (UPC), foram igualmente membros do Gabinete de Lumumba.
A UPC foi fundada por Ruben Um Nyobé, a 10 de Abril de 1948.
Quando Lumumba foi demitido das suas funções de primeiro-ministro congolês, Holden Roberto, alertado por Albert Ndele, na altura Governador do Banco congolês, fugiu de Léopoldville para Brazzaville, atravessando de canoa o rio Congo, com destino a Accra.
A integridade moral de Holden, Neto e Savimbi é inquestionável
Houve muita moralidade dos três pais da Independência de Angola, nomeadamente Holden Roberto da UPA-FNLA, António Agostinho Neto do MPLA e Jonas Malheiro Savimbi da UNITA.
Eles eram dedicados a uma causa e tinham paixão para essa causa, derivando dai um carisma junto dos seus adeptos.
A ambição pessoal do poder, a guerra fria e a deficiente perspectiva da construção do país livre, do país na independência e no desenvolvimento fizeram com que os três não se entendessem e criar uma frente comum de luta pela libertação nacional de Angola do jugo colonial português.
Várias tentativas de aproximação dos três líderes angolanos levadas a cabo pelos Chefes de Estados africanos independentes fracassaram.
A sua equação das relações estavam muito aquém dos níveis científicos desejáveis, dai uma excessiva confiança nas alianças. A grande delegação de responsabilidade ao Partido Comunista Português (PCP), à União Soviética (URSS), a Cuba e ao Bloco socialista, por parte de Agostinho Neto, e em relação ao regime de Mobutu Sese Seko e o abandono de uma diplomacia completa, para Holden Roberto – a FNLA não tinha amizade internacional – e muitos condenam Jonas Savimbi pela aliança com o regime do Apartheid na África do sul, numa fase, que prejudicava muito a sua imagem. Paradoxalmente, foi Savimbi que exigia a Pik Botha a libertação imediata de Mandela, tendo este sido grato a ele.
Em relação a dedicação à causa da libertação do país do jugo colonial português foi um paradoxo incontestável para os três líderes.
A ambição pessoal e a guerra-fria estragaram o Alvor. A ambição pessoal arruinou inclusive a aliança entre Holden Roberto e Jonas Savimbi.
Também foi a ambição pessoal dos líderes que fez adiar a construção de uma Angola reencontrada e a reconciliação dos angolanos.
Segundo Isidoro Baba, antigo director adjunto da Escola do MPLA em Dolisie, República do Congo Brazzaville, o MPLA instalou-se em Léopoldville (Kinshasa) em 1961. Foi Mário Pinto de Andrade que levou o MPLA na RDC, acompanhado de Viriato da Cruz, no tempo do Presidente Joseph Kasa-Vubu e do Primeiro-ministro Cyrille Adoula.
Mário Pinto de Andrade era na altura o Presidente do MPLA e Viriato da Cruz o Secretário-geral. Ilídio Machado foi o primeiro Presidente deste movimento na clandestinidade em Luanda.
Agostinho Neto foi proclamado Presidente de honra do MPLA, quando se encontrava na prisão. Neto chegou a Kinshasa em 1962, vindo do Marrocos.
Durante a conferência nacional que teve lugar em Kinshasa, Neto foi eleito Presidente do MPLA, substituindo ao cargo Mário Pinto de Andrade. Surgiram então distúrbios que dividiram o MPLA entre pró-Mário Pinto de Andrade e pró-Agostinho Neto.
Viriato da Cruz, Matias Migueis e José Miguel eram pró-Mário Pinto de Andrade, enquanto que o próprio Mário Pinto de Andrade era pró-Agostinho Neto. Ainda em Léopoldville (RDC), Daniel Chipenda era o Primeiro Presidente e fundador da JMPLA e José Eduardo dos Santos, vice-presidente (da JMPLA). Foi Daniel Chipenda que enviou José Eduardo dos Santos a estudar na antiga União Soviética (URSS).
Houve tiroteio durante esta conferência de discórdia que dividiu o MPLA em dois blocos, em Kinshasa, o que fez com que o Primeiro-ministro congolês, Cyrille Adoula, expulsasse este movimento (MPLA) de Léopoldville, hoje Kinshasa, interditando as suas actividades em território da RDCongo.
Depois da expulsão de Léopoldville, o MPLA funcionou com um grupo clandestino composto por, entre outros, velhos Azevedo, Benedicto natural de Nambuangongo, Lourenço Ngakumona, natural de Malange, João Nlenge, natural do Nkula (Tomboco, Província do Zaire), Nelumba, natural do Soyo mas trabalhou nas Lundas, onde se casou com uma mulher natural de Malange, Eduardo Kianu e Job Nekongo, ambos naturais do Soyo, Província do Zaire.
Em Lópoldville (Kinshasa), a sede do MPLA funcionava em Rutiuru, nº33, Quartier Citas, no quintal do velho Miguel Nensenga, natural do Soyo.
Pedro Baia (falecido), natural do Soyo, que veio de um seminário católico, foi vice-presidente do MPLA.
Mário Pinto de Andrade abandonou o MPLA e foi indicado Secretário de Estado da Cultura da Guiné-Bissau, depois da independência deste país, pelo presidente Luís Cabral.
O padre Joaquim Pinto de Andrade, irmão menor de Mário Pinto de Andrade, não gostou da destituição do irmão. Foi a Brazzaville onde incentivou uma Revolta Activa. Por seu lado, Daniel Chipenda foi activar a Revolta do Leste, considerando que havia injustiça com os guerrilheiros ovimbundos que, segundo ele, eram maioritários no MPLA.
Segundo fontes dos camaradas, todos os guerrilheiros do MPLA oriundos do leste revoltados foram dizimados, por ordem de Agostinho Neto. A revolta tem o nome de um dos comandantes mais famosos um certo Katuie, não me recordo bem do nome.
Viriato da Cruz, depois de uma passagem efémera na FNLA, exilou-se na China.
Segundo uma fonte segura, Viriato da Cruz passou pela Argélia onde houve uma tentativa falhada de lhe assassinar, por parte do MPLA-Neto, o que lhe obrigou a fugir para China Popular de Mao Tsé Tung.
Matias Miguéis e José Miguel tentaram juntar-se ao MPLA de Agostinho Neto em Brazzaville, onde foram presos por seus antigos companheiros, transferidos para a base do movimento em Dolesie onde foram barbaramente mortos.
Algumas fontes do MPLA afirmam que a Matias Migueis e José Miguel fizeram cavar as covas respectivas onde foram enterrados vivos.
Também foi por ambição pessoal que o Congresso do MPLA em Lusaka terminou em fiasco, Agostinho Neto recusando a vitória de Daniel Chipenda como Presidente do movimento. O MPLA saiu mais uma vez dividido entre pró-Neto e pró-Chipenda.
O genocídio de 27 de Maio de 1977 com Nito Alves, Ze Van-Dunem, Monstro Imortal, Bakalof e Sita Vales, perpetrado com a bênção de Agostinho Neto ao afirmar que “Não há perdão para os fraccionistas” é resultado de ambição e intolerância politica. Oficialmente, cerca de 60 mil intelectuais angolanos genuínos foram mortos, mais de um milhão, denunciou Léopold Sédar Senghor, antigo presidente Senegalês, numa cimeira da OUA, recusando apartar a mão a Neto que acusava de ser cheia de sangue.
Os assassinatos políticos sucessivos, nomeadamente do Engenheiro Mfulumpinga Nlandu Victor e outros enquadram-se nesta intolerância politica.
Por seu lado, Holden Roberto da UPA-FNLA, mal aconselhado por seu amigo Mobutu Sese Seko, dizimou na base de Kinkuzu, Província do Baixo Zaire, todo o Estado-maior do ELNA (Exercito de Libertação Nacional de Angola, o braço armado do movimento), em 1972, acusando-o de tentativa de golpe. A insurreição militar em Kinkuzu era liderada pelos lendários comandantes André Monteiro Londres, Pedro Matumona e Eugénio Augusto António, este como CEMG.
Relatos de guerrilheiros que participaram no morticínio falavam em dezenas de comandantes mortos à paulada diante da cova respectiva, por soldados a mando de Holden Roberto.
João Paulo N´ganga, no livro “O Pai do Nacionalismo Angolano” – As memórias de Holden Roberto Roberto, citando este, refere que foram fuzilados em Kinkuzu, os comandantes Eugénio Augusto António, Sengele Norberto, André Monteiro Londres, Afonso Bengo, Elias Pio do Amaral Gourgel, Daniel Sampaio, Fernandes Belito, Alberto Pires, Mabuatu, Paulo Kindoki e Pedro Matumona.
Na UNITA, Savimbi, Nzau Puna e Da Costa Fernandes divorciaram-se e, segundo relatos de fontes próximas deste Partido, o líder dos maninhos eliminou friamente todo aquele que ousava opor-se a ele, nomeadamente Tito Chingunji e Valdemar Chindondo, entre outros.
Dentro do MPLA, é a mesma ambição que faz com que não haja um outro concorrente ao lugar de Presidente do Partido e que o voto até hoje seja à mão levantada.
Todos aqueles que ousaram desafiar José Eduardo dos Santos foram silenciados politicamente. É o caso de Marcolino Moco, Lopo do Nascimento e João Lourenço, todos antigos Secretários-gerais do MPLA e, tendo assumido também o cargo de Primeiro-ministro de Angola. Transparece-se que outro antigo primeiro-ministro, França Van-Dunem, foi também posto na prateleira politica, por razões não claras.
É difícil entender como é que todos os antigos secretários-gerais de um partido político possam cair em bloco de membros do Bureau Politico (BP) para simples simpatizantes, como aconteceu com Lopo do Nascimento, Marcolino Moço, João Lourenço e o antigo primeiro-ministro França Van-Dunem.
O mesmo episódio se repetiu com a queda de Roberto de Almeida da Tribuna à bancada, ou seja de Presidente da Assembleia Nacional para simples deputado, perdendo assim as prerrogativas de ser o substituto natural do Presidente da República, para o cargo de Vice-presidente do MPLA, que muitos considera como honorífico.
Foi com medo da projecção internacional de Fernando Garcia Miala, antigo director de Serviços de Inteligência Externa (SIE), que alguém mandou-o injustamente preso com motivos inventados de golpe de estado e de insubordinação militar.
Este terror político amedronta a classe dirigente do MPLA, que encontra no silêncio a sua tábua de salvação. No “Kremlim” angolano todos são mudos e quando alguém tenta falar é para endeusar José Eduardo dos Santos.
O MPLA dá a impressão de não ser um partido soberano.
Dentro e fora do MPLA, quem não venera ou idolatra José Eduardo dos Santos, não vive.
Os arqui-rivais da política angolana, MPLA e UNITA, nunca se entenderam devido à ambição de poderes dos seus líderes respectivos, que não olham pelo interesse do país.
José Eduardo dos Santos não tolerou Jonas Savimbi que ofuscava o seu poder, acabando por mata-lo impiedosamente.
A pedido da OUA, a FNLA e o MPLA constituíram a 13 de Dezembro de 1972, em Léopoldville, um Conselho Supremo de Libertação de Angola (CSLA), cuja presidência foi atribuída a Holden Roberto e a vice-presidência a Agostinho Neto.
O CSLA não sobreviveu das divergências ideológicas entre a FNLA e o MPLA. Mobutu jogou junto de Holden Roberto e Marien Ngouabi, Presidente do Congo-Brazzaville, e o Partido Comunista Português (PCP) jogaram junto de Agostinho Neto.
Os três movimentos, FNLA, MPLA e UNITA foram juntos às cimeiras de Mombaça (Kenya) – de 3,4 e 5 de Janeiro de 1975 e de Alvor (Portugal) de 10 a 15 de Janeiro de 1975, tendo negociado e assinado com a potência colonial, Portugal, um acordo (Acordo de Alvor) que deu a independência à Angola.
Mas este Acordo de Alvor, assim como outros acordos assinados entre o MPLA e a UNITA, nomeadamente de Bicesse, que deu o Multipartidarismo à Angola e de Lusaka (Zâmbia), nenhum deles foi implementado na totalidade, tendo sido violados por rivalidades ideológicas, intolerância política, ambição e orgulho pessoais dos lideres respectivos.
Para ser mais concreto, todos estes acordos de paz sobre Angola, de Alvor a Lusaka, foram violados pelo MPLA que não os deixou implementar na sua totalidade. O Memorando de entendimento do Luena está no segredo dos deuses. É um segredo de Estado!
Na parte de Angola, apenas Holden Roberto e Jonas Savimbi participaram na fundação da OUA, na qualidade de Presidente e ministro dos negócios estrangeiros da UPA-FNLA (GRAE). Agostinho Neto não esteve presente na fundação da OUA, nem nenhum outro membro do MPLA.
Por indicação do GRAE (Governo Revolucionário de Angola no Exílio, da FNLA), Jonas Savimbi era o Presidente do Comité de Libertação de África até a sua fuga da FNLA, tendo sido substituído pelo tanzaniano Hachim Mbita. Dar- Es-Salaam é a sede do referido Comité.
Para perpetuar o seu poder, os chefes de Estados africanos transformam os paises em monarquias onde, depois da morte, são substituidos pelos filhos. Foi assim na RDC com Kabila, no Togo com Eyadema e segundo a imprensa, em Angola, Dos Santos está a preparar um dos seus filhos para lhe suceder.
Os balanços económicos eram catastróficos. São todos hoje países subdesenvolvidos com problemas da Educação, Saúde, Agua, PIB (Produto Interno Bruto), Renda por capita que é o problema da pobreza, da democracia, dos direitos humanos, direitos cívicos, a liberdade de imprensa (quantos jornais, rádios e televisões), questão do género, que estão aquém dos indicadores do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
Mesmo no plano da construção da Unidade Africana (UA), hoje está muito aquém da União Europeia (UE), que é uma meta que surgiu depois da queda do murro de Berlim, altura em que a OUA (Organização da Unidade Africana) tinha cerca de 20 anos.
A União Europeia já tem uma moeda única, grandes infra-estruturas comuns e alfândegas suprimidas.
No caso de Angola, a fronteira sul é a mais intransitável. Há mais voos entre Luanda e Lisboa do que com Kinshasa, onde há milhares de angolanos que precisam de contactos com seus parentes, que se encontram no país (Angola).
O Caminho-de-ferro de Benguela (CFB), que é uma grande coluna de abastecimento para os países da região dos Grandes Lagos e mesmo Moçambique está numa escala de prioridade secundária.
Os governos e regimes autocráticos dão prioridade à sua segurança e estabilidade, dando a impressão de que essas metas valem mais que as realizações objectivas e a aproximação das populações.
Não há cimeiras sobre o CFB, a Barragem hidroeléctrica de Inga na RDC e mesmo de Assouan no Egipto e Caborabaça em Moçambique.
Mas uma simples tentativa de golpe de estado mobiliza todas as forças dos países africanos.
Defendemos uma nova visão panafricana associada aos valores democráticos que associa profundamente o povo nas políticas nacionais e de integração das nações existentes no continente africano e no almejado projecto de unificação.
O líder líbio, Mouamar Kadafi não deixa de ser autocrático, pois não consultou ninguém para o seu projecto de construção de um Estado federal africano. Com este projecto, Kadafi procura astuciosamente perpetuar o seu poder.
O Rei Idriss Senoussi da Líbia não tinha pouca influência.
Tanto os pais da independência de África como os líderes de libertação de Angola tinham em comum uma integridade moral inquestionável.
Holden, Neto e Savimbi deixaram os filhos na miséria
A sua dedicação à causa dos seus países, a defesa da pátria e do bem-estar das suas populações e a coragem em enfrentar o inimigo comum que era o colonialismo português eram as qualidades inquestionáveis dos três lideres da luta de libertação de Angola, assim como os pais da independência de África.
Se eles tivessem medo, Angola não seria independente.
Eles não eram corruptos nem promíscuos. Nenhum deles tinha propriedade privada, nem conta bancária. Parece até que desconheciam a existência de Bancos.
Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi morreram pobres, não deixaram propriedades nem contas bancárias, tendo deixado os filhos na miséria.
Holden contou-nos que, a caminho de Mombaça (Kenya), ele, Neto e Savimbi, foram recebidos em Dar-Es-Salaam pelo Presidente Mualimu Julius Nyerere na sua residência. Este não vivia no palácio. Em casa de Nyerere não havia cadeiras em condições e não tinha nada para oferecer aos visitantes. Estes tiveram que juntar o dinheiro e deram a Nyerere que foi comprar pessoalmente bebida para eles. Atrás, a esposa de Nyerere começou a criticar o marido: estão a ver o vosso amigo, ele não tem nada para vos oferecer; ele recusa receber o salário, manda-o para um hospital, uma escola ou para serviços de caridade. Até os filhos vão a pé à escola. Nyerere encontrou a conversa e perguntou a sua esposa, se ela queria que deixasse os doentes morrerem nos hospitais, aos alunos faltar giz, cadernos ou quadros?
Um semanário independente angolano referia que Mendes de Carvalho perguntou ao Presidente Neto o que pensa sobre o futuro dos filhos. Neto lhe respondeu que se morrer que venda as suas medalhas de condecorações e com este dinheiro paga os estudos dos filhos. Se o dinheiro não chegar, cada filho luta pela sua vida.
O MPLA abriu uma conta para o seu presidente A. Neto. Quando este morreu, foram ver na conta do chefe só havia duzentos (200) Kwanzas. Se calhar é com este dinheiro que eles abriram a referida conta.
Também Lúcio Lara, Paulo Jorge são as reservas morais do MPLA. Estes também parecem não estarem propensos à corrupção, não terem contas bancárias e propriedades. Fala-se que Lúcio Lara recusa cabazes de natal que ele manda entregar a um lar infantil ou de pessoas de terceira idade. Ninguém se encontrou ainda com Lúcio Lara num banco.
O falecido António Jacinto tinha convidado um primo meu para um almoço em sua casa. O primo chegou primeiro e ficou surpreendido de ver António Jacinto a chegar num turismo de marca Lada, dizendo que foi buscar água na sede nacional do Partido, porque em casa dele este líquido não saia. Convidou o primo a lhe seguir a traz da vivenda onde ele (António Jacinto) vivia num anexo onde só havia uma cama solteira militar de ferro, uma cadeira de fita plástica no canto. António Jacinto aqueceu a panela de feijão com um fogão Primo e serviu o seu convidado que estava boquiaberto.
“Eu sou solteiro e não vivo com filho, porque vou ocupar uma casa inteira quando faltam alojamento para técnicos como médicos e engenheiros? Esta vivenda pertence a minha irmã que ocupa a parte principal” – explicou António Jacinto com a humildade que se lhe reconhecíamos.
Penso que Mário Pinto de Andrade e Viriato da Cruz do MPLA, Amílcar Cabral do PAIGC não devem ter deixado contas bancárias nem propriedades. De igual modo Marcelino
dos Santos da FRELIMO pode não ter riqueza.
Assassinatos políticos em África- Assassinato do líder político camaronês, Ruben Um Nyobé, nos
Camarões - 03.09.1958*
- Assassinato do líder independentista camaronês, Félix Moumié em
Genebra - 02.10.1961*
- Assassinato do primeiro primeiro-ministro da RDCongo, Patrice
Emery Lumumba com seus companheiros Mpolo e Okito
- Assassinato do primeiro presidente do Togo, Sylvanus Olympio -
13.01.1963*
- Assassinato de Eduardo Mondlane
- Assassinato do presidente do PAIGC, Amilcar Cabral
- Assassinato do primeiro presidente do Mali, Modibo Keita
- Assassinato do primeiro Secretário geral da OUA, Dialo Telli
- Assassinato do segundo presidente da Libéria, William Tobler
- Rapto em Paris e assassinato de Mehdi Bem Barka, principal líder da
oposição politica (UFMP) ao rei do Marrocos Hassan II - 29.10.1965*
- Assassinato em Paris do líder tchadiano Outel Bono - 26.08.1973*
- Assassinato do presidente egipcio, Anuar El Sadate
- Assassinato em Paris de Dulcie September, representante-chefe do
ANC em França - 29.03.1988*
- Assassinato do Presidente das Comores, Abdallah, pelo mercenário
Bob Denard - 26.11.1989*
- Assassinato do Presidente do Congo-Brazzaville Marien Ngoubi
- Assassinato do segundo presidente do Congo-Brazzaville Massamba
Débat
- Assassinato do Cardeal Emille Biayenda, do Congo-Brazzaville
- Assassinato primeiro general de guerrilha africano, o zimbabweano
Togogara
- Assassinato de Deolinda Rodrigues e companheiros
- Assassinato de Hoji ya Henda, Anibal de Melo e Emilio Mbidi, altos
dirigentes do MPLA
- Assassinato do primeiro Presidente moçambicano, Samora Machel
- Assassinato do presidente rwandes, Habiarimana
- Assassinato do presidente da RDC, Joseph Kabila
- Terror vermelho de Mengistu Hailé Mariam na Etiopia
- Assassinato massivo dos antigos presidentes ganeenses por Jery
Rawlings
- Purga dos politicos do Congo-Brazzaville perpetrada por Dénis
Sassou Nguesso, na sequencia do assassinato do Presidente Marien
Ngouabi
- Fuzillamentos por ordem do Tribunal Popular de Angola de Virgilio Sottomayor e membros da UNITA como Kapakala, Aarao Kanjulo, Acácio Quim, etc.
- Assassinato de Adão da Silva, primeiro comandante nacional da polícia de Angola
- Assinato do deputado Ngalangombe da UNITA em Luanda
- Desaparecimento fisico de António Dembo, vice-presidente da UNITA
- Assassinato dos doutores Marcelino e Bernardino no Huambo
- Os genocicios de 27 de Maio, Sexta-feira sangrenta contra as pessoas de etnia kikongo e dos fieis da Igreja Tokoista em Luanda
- Assassinato dos altos dirigentes da UNITA Jeremias Chitunda,
Alicerces Mango, Salupeto Pena e Sapitango Chimbili, cujos corpos
encontram-se presos
- O líder-fundador da UNITA, Jonas Savimbi, tombou ou morreu em
combate ou foi assassinado ?
- O general Ben Ben, faleceu ou foi assassinado ?
- Assassinato do presidente liberiano, Samuel Doe
- Assassinato de todos antigos presidentes do Ghana, excepto Kwame
Nkrumah
- Assassinato do primeiro presidente tchadiano, François Ngarta Tombalbaye
- Assassinato de John Garang, presidente do SPLA do Sudão
- Escândalo sanguinário na Guiné-Bissau com assassinatos de Nino Vieira, Tagma Nawaie e outros
Etc.
*in Google
Quem é Makuta Nkondo?Breve biografia do autor
Augusto Pedro Makuta Nkondo, mais conhecido apenas por Makuta Nkondo, nasceu na aldeia Yenga, comuna de Kinsimba, Província do Zaire, Angola, há cerca de 60 anos.
Filho de Juliana Nzumba e de Sérgio Seke, ambos falecidos.
Cresceu em Matadi, Província do Baixo Congo, República Democrática do Congo (RDC).
É licenciado em Biologia
Jornalista
Educado segundo a tradição kikongo por parte do seu avó materno, Nzau a Ntaya, fazendo dele um tradicionalista bantu
Regressou à Angola em 1974
Luanda, 20 de Julho de 2009. -