17/03/2015

APOIO AOS SINISTRADOS NO LOBITO CONTINUA LENTO E COM DEBILIDADES EMBORA SE SINTA ALGUMAS MELHORIAS


A 11 de Março a cidade do Lobito viveu um dos seus momentos mais trágicos da sua história que ronda os 100 anos, De acordo aos dados divulgados, mais de 70 pessoas foram encontradas mortas e muitas outras continuam desaparecidas. Fala-se em mais de 200 casas destruídas para além dos haveres todos perdidos e inúmeras infra-estruturas destruídas. Passados 6 dias, as iniciativas governamentais continuam lentas, sem qualquer envolvimento real da comunidade sinistrada, das autoridades tradicionais e da sociedade civil. O processo continua pouco transparente com falta de divulgação regular de informação que uma situação do género exige.

No entanto hoje verifica-se algum avanço com aumento de tendas instaladas (comparativamente com o número encontrado ontem e constante no relatório que abaixo se publica) e a garantia de que serão instaladas salas provisórias de aulas e de outros serviços.

Às 18 horas deverá ter lugar um encontro no local de acolhimento onde estará presente o Administrador Municipal, para além do reconhecido esforço do CRB de conseguir o envolvimento do Regedor do Lobito no processo.

Hoje de manhã houve um encontro na Administração Municipal do Lobito com a Sociedade Civil para se falar da limpeza das valas e com o mesmo objectivo haverá outros encontros a 18 e 19 na Catumbela e Benguela, respectivamente.


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RELATÓRIO
As organizações AJS, CRB e Omunga, dentro da sua intervenção no processo de apoio às vítimas das chuvas no Lobito, procederam a uma visita de terreno, no dia 16 de Março de 2015, que fizeram parte os Senhores Domingos Mário (Omunga), Eurico Paulino e Júlio Lofa (AJS), Ezequiel Gamboa, Pedro Eduardo Firmino e o Artur Fernandes Firmino (CRB), ao local identificado pelo Governo para o acolhimento dos sinistrados das chuvas, localizado na zona do Mbango Mbango. Esta visita foi na sequência da efectuada no dia anterior para acopanhamento da visita do Goverandor e da delegação do Governo ao Local, onde ficou a possibilidade do assentamento dos primeiros cidadãos a partir da presente data.
Constação:
Por volta das Oito e Trinta, encontrou-se no local o mesmo numero (24) de tendas já instaladas no dia anterior (15 de Março) pelos escuteiros e os serviços de bombeiros ;
Encontrou-se o tanque de plástico de 2000 Mil Litros no chão sem se ter confirmado ter ou não água, mas não se encontrou os 2 camiões cisternas que se verificou estarem lá no dia da visita do Governador;
Encotrou-se 3 máquinas no terreno, 2 em funcionamento e uma inoperante, a alargarem e a nivelarem a via de acesso e o próprio terreno de assentamento;
Continua-se a não se verificar a instalação do Gerador eléctrico conforme garantido a quando da visita do Govenador ao terreno;
Não se encontrou ninguém que garantisse protecção ao local, nem que pudesse prestar informações, já que por volta das 10 horas, voltou-se ao terreno e encontrou-se 9 sinistrados que se deslocaram ao local por conta própria para se certificarem do processo que ouviram falar através dos órgãos de Comunicação Social.
Ainda constatou:
O incumprimento da colocação do total de  tendas necessárias;
Inexistência de uma tenda de campanha ou de um local destinado aos primeiros socorros e assistência médica, nem há informação sobre a disponibilidade de pessoal técnico de saúde e nem de uma ambulância;
Continuou-se a não verificar a construção ou instalação de latrinas, balneários, lavandarias nem contentores de lixo;
Continua-se a não verificar um locar destinado para administração de aulas;
Continua-se a não ter informação sobre a disponibilidade de transporte para essas populações de modo a terem acesso à cidade, aos serviços e ao emprego durante o tempo que se virem obrigadas a permanecerem naquele lugar;
Continua-se a não veificar um local administrativo no terreno para a equipe de gestão do campo;
Continua-se a não verificar dispositivo de combate a incêndios;
Continua-se a não verificar o locar para dispositivo de segurança pública.
No período da tarde, uma equipe destas organizações tentou localizar uma outra área, na zona do Alto Niva, município da Catumbela, já que romores contavam de mais esse espaço de acolhimento. Infelizmente devido a informação que se foi recebendo no caminho pelos populares apontavam na realidade para a deslocação àquele local de uma delegação do governo, mas que não tinha concluído utilizar o mesmo.
OBSERVAÇÕES GERAIS DO PROCESSO
Continua-se a não dar qualquer atendimento de emergência às populações sinistradas;
Continua-se a não se respeitar o direito de participação das populações sinistradas no processo de apoio e de assentamento;
Continua-se a verificar insuficiência na divulgação da informação sobre o impacto das chuvas nem do plano concreto de resposta às consequências da calamidade. Também não há até ao momento informação sobre o que já se angariou ao nível nacional e internacional através da solidariedade cidadã.
Ainda não se conseguiu ter acesso a infirmação sobre os critérios e o pacote de ajuda humanitária para cada um dos sinistrados;
Tem-se informação não oficial da realização de um encontro do Vice Governador de Benguela com organizações da sociedade civil sem, no entanto, se ter informação sobre data, horário, agenda e listagem de organizações que participarão;
GRAVES PREOCUPAÇÕES
As Organizações AJS, CRB E OMUNGA continuam preocupadas com a falta de qualquer assistência aos sinistrados;
As enormes e reais dificuldades de envolvimento concreto das organizações da sociedade civil já que continua a não ter resposta a carta que asmesmas endereçaram à Administação Municipal a demonstrarem a sua disponibilidade e as áreas de intervenção;

O não envolvimento das autoridades tradicionais e dos sinistrados em todo o processo.

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