A 11
de Março a cidade do Lobito viveu um dos seus momentos mais trágicos da sua
história que ronda os 100 anos, De acordo aos dados divulgados, mais de 70
pessoas foram encontradas mortas e muitas outras continuam desaparecidas.
Fala-se em mais de 200 casas destruídas para além dos haveres todos perdidos e
inúmeras infra-estruturas destruídas. Passados 6 dias, as iniciativas
governamentais continuam lentas, sem qualquer envolvimento real da
comunidade sinistrada, das autoridades tradicionais e da sociedade civil. O processo
continua pouco transparente com falta de divulgação regular de informação que
uma situação do género exige.
No
entanto hoje verifica-se algum avanço com aumento de tendas instaladas (comparativamente com o número encontrado ontem e constante no relatório que abaixo se publica) e a
garantia de que serão instaladas salas provisórias de aulas e de outros
serviços.
Às 18
horas deverá ter lugar um encontro no local de acolhimento onde estará presente
o Administrador Municipal, para além do reconhecido esforço do CRB de conseguir
o envolvimento do Regedor do Lobito no processo.
Hoje
de manhã houve um encontro na Administração Municipal do Lobito com a Sociedade
Civil para se falar da limpeza das valas e com o mesmo objectivo haverá outros
encontros a 18 e 19 na Catumbela e Benguela, respectivamente.
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RELATÓRIO
As organizações AJS, CRB e Omunga, dentro da sua intervenção
no processo de apoio às vítimas das chuvas no Lobito, procederam a uma visita
de terreno, no dia 16 de Março de 2015, que fizeram parte os Senhores Domingos Mário
(Omunga), Eurico Paulino e Júlio Lofa (AJS), Ezequiel Gamboa, Pedro Eduardo
Firmino e o Artur Fernandes Firmino (CRB), ao local identificado pelo Governo
para o acolhimento dos sinistrados das chuvas, localizado na zona do Mbango
Mbango. Esta visita foi na sequência da efectuada no dia anterior para
acopanhamento da visita do Goverandor e da delegação do Governo ao Local, onde
ficou a possibilidade do assentamento dos primeiros cidadãos a partir da
presente data.
Constação:
Por volta das Oito e Trinta, encontrou-se no local
o mesmo numero (24) de tendas já instaladas no dia anterior (15 de Março) pelos
escuteiros e os serviços de bombeiros ;
Encontrou-se o tanque de plástico de 2000 Mil
Litros no chão sem se ter confirmado ter ou não água, mas não se encontrou os 2
camiões cisternas que se verificou estarem lá no dia da visita do Governador;
Encotrou-se 3 máquinas no terreno, 2 em
funcionamento e uma inoperante, a alargarem e a nivelarem a via de acesso e o próprio
terreno de assentamento;
Continua-se a não se
verificar a instalação do Gerador eléctrico conforme garantido a quando da
visita do Govenador ao terreno;
Não se encontrou ninguém
que garantisse protecção ao local, nem que pudesse prestar informações, já que
por volta das 10 horas, voltou-se ao terreno e encontrou-se 9 sinistrados que
se deslocaram ao local por conta própria para se certificarem do processo que
ouviram falar através dos órgãos de Comunicação Social.
Ainda constatou:
O incumprimento da
colocação do total de tendas
necessárias;
Inexistência de uma
tenda de campanha ou de um local destinado aos primeiros socorros e assistência
médica, nem há informação sobre a disponibilidade de pessoal técnico de saúde e
nem de uma ambulância;
Continuou-se a não
verificar a construção ou instalação de latrinas, balneários, lavandarias nem
contentores de lixo;
Continua-se a não
verificar um locar destinado para administração de aulas;
Continua-se a não ter
informação sobre a disponibilidade de transporte para essas populações de modo
a terem acesso à cidade, aos serviços e ao emprego durante o tempo que se virem
obrigadas a permanecerem naquele lugar;
Continua-se a não
veificar um local administrativo no terreno para a equipe de gestão do campo;
Continua-se a não
verificar dispositivo de combate a incêndios;
Continua-se a não
verificar o locar para dispositivo de segurança pública.
No período da tarde,
uma equipe destas organizações tentou localizar uma outra área, na zona do Alto
Niva, município da Catumbela, já que romores contavam de mais esse espaço de acolhimento.
Infelizmente devido a informação que se foi recebendo no caminho pelos
populares apontavam na realidade para a deslocação àquele local de uma
delegação do governo, mas que não tinha concluído utilizar o mesmo.
OBSERVAÇÕES GERAIS DO
PROCESSO
Continua-se a não dar
qualquer atendimento de emergência às populações sinistradas;
Continua-se a não se
respeitar o direito de participação das populações sinistradas no processo de
apoio e de assentamento;
Continua-se a verificar
insuficiência na divulgação da informação sobre o impacto das chuvas nem do
plano concreto de resposta às consequências da calamidade. Também não há até ao
momento informação sobre o que já se angariou ao nível nacional e internacional
através da solidariedade cidadã.
Ainda não se conseguiu
ter acesso a infirmação sobre os critérios e o pacote de ajuda humanitária para
cada um dos sinistrados;
Tem-se informação não
oficial da realização de um encontro do Vice Governador de Benguela com
organizações da sociedade civil sem, no entanto, se ter informação sobre data,
horário, agenda e listagem de organizações que participarão;
GRAVES PREOCUPAÇÕES
As Organizações AJS,
CRB E OMUNGA continuam preocupadas com a falta de qualquer assistência aos
sinistrados;
As enormes e reais
dificuldades de envolvimento concreto das organizações da sociedade civil já
que continua a não ter resposta a carta que asmesmas endereçaram à Administação
Municipal a demonstrarem a sua disponibilidade e as áreas de intervenção;
O não envolvimento das
autoridades tradicionais e dos sinistrados em todo o processo.
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