Em resposta às declarações do representante do Tribunal Provincial de Luanda, proferidas na TPA1 em relação ao seu nome ter sido apresentado publicamente como um dos exemplos dos declarantes que teriam sido notificanos no processo conhecido como dos 15+2 e que de forma desobediente teria não comparecido.
Considerando a gravidade de tais declarações, José Patrocínio solicitou esclarecimentos junto do Juiz-presidente do Tribunal provincial de Luanda, assim como solicitou a reposição da verdade.
Acompanhem a carta:
Lobito, 01 de Fevereiro
de 2016.
C/c: Exmo. Sr. Procurador-geral
da República - LUANDA
Exma. Sra. Presidente da Comissão
Africana dos Direitos do Homem e dos Povos - BANJUL
Ao Exmo. Sr.
Juiz Presidente do
Tribunal Provincial de Luanda
Att: Sr. Domingos Mesquita
L U A N D A
ASSUNTO: REPOSIÇÃO DA VERDADE
Eu, JOSÉ ANTÓNIO MARTINS
PATROCÍNIO, natural do Lobito, nascido aos 26 de Dezembro de 1962, filho de
António José Ferreira Patrocínio e de Maria Odete Ribeiro Martins Patrocínio,
portador do BI Nº 006630448BA041 emitido a 15/04/2014, venho pela presente
apresentar os seguintes factos e exigir a reposição da verdade:
1 - Tomei conhecimento de que
pelo menos a 27 e 28 de Janeiro de 2016, nos espaços noticiosos do Telejornal
do canal 1 da TPA, representante desse Tribunal e representante da Procuradoria-geral
da República se predispuseram a abordar sobre o caso conhecido como o dos 15+2;
2 - Durante essa
apresentação, o representante desse tribunal ter-se-á referido à minha pessoa
como exemplo de declarantes notificados no processo conhecido por "dos
15+2" e que de forma irresponsável não compareci nesse tribunal;
3 - O referido representante
do tribunal demonstrou conhecer bem a minha localização já que esclareceu que eu
resido em Benguela;
4 - Terá ainda declarado, o
citado representante desse tribunal naquela ocasião que eu deveria pedir
permissão à direcção da organização a que pertenço para ser dispensado e assim
me poder deslocar a Luanda para poder assim prestar declarações no tribunal;
5 - Fica fácil interpretar
que, pelas declarações do vosso representante naquele momento, que terá deixado
no ar a ameaça de que caso eu não compareça nesse tribunal no dia 8 de
Fevereiro de 2016, como os demais declarantes em igual situação, podendo eu ser
então alvo de todas e quaisquer outras medidas de coerção;
6 - Também possuo a
informação de que todos os declarantes nestas condições, verão os seus nomes
expostos publicamente em editais, presumivelmente do Jornal de Angola;
7 - Entretanto, o mesmo representante
desse tribunal e ainda naquela ocasião, aqui referida, não fez menção sequer ao
suporte das despesas da minha deslocação a Luanda, por parte desse tribunal,
conforme ser entendido das normas legais;
Entretanto:
a) Em momento algum eu recebi
qualquer notificação contrariando as declaração do vosso representante nos
espaços do telejornal da TPA1;
b) Tais declarações
carregadas de tamanhas inverdades e ameaças põe em causa, enquanto cidadão
responsável, a minha dignidade, idoneidade, imagem e segurança pessoal, minha e
dos que me rodeiam, já que poderá dar azo a iniciativas fraudulentas e
violentas contra mim e os meus próximos;
Assim:
i - Exijo imediatamente que
esse tribunal apresente publicamente a referida notificação a que o vosso
representante se referiu, com a minha assinatura e a data da sua recepção;
ii - Que esse tribunal não
incorra no erro de publicar o meu nome, em qualquer edital público, sob o
pretexto já aqui evocado;
iii - Eu me negarei a
comparecer nesse tribunal a 8 de Fevereiro de 2016, enquanto não me for
entregue de forma pessoal, a citada notificação com descrição do motivo, do nº
do processo, da data e horário a que devo prestar as ditas declarações;
iv - Que esse tribunal
garanta, para esse efeito, a disponibilização atempada dos recursos financeiros
para suporte da minha deslocação da província de Benguela para Luanda,
compreendendo: a) bilhete de passagem de ida e volta, b) alojamento, c) alimentação,
d) taxi, e) comunicação com a família e amigos e f) segurança pessoal em
Luanda.
v - Esse Tribunal é desde já
responsável por todos os danos causados à minha dignidade, ao meu bom nome e,
inclusivamente, à minha segurança pessoal e colectiva, como resultado dos actos
aqui descritos.
Atenciosamente
José António Martins Patrocínio
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