17/02/2016

OMUNGA PREOCUPADA COM CONDENAÇÃO SUMÁRIA DO ACTIVISTA NITO ALVES


Lobito, 17 de Fevereiro de 2016.
NOTA PÚBLICA

Condenação sumária do activista Nito Alves

Manuel Nito Alves, foi condenado a 8 de Fevereiro de 2016, a seis meses de prisão em um julgamento sumário. A condenação deveu-se ao facto do Tribunal Provincial de Luanda considerar que o mesmo estaria a perturbar a ordem durante o julgamento de dezassete defensores/as de direitos humanos angolanos, do qual ele é um dos arguidos, no que é conhecido como o caso 15+2..

É membro do Movimento Revolucionário, um grupo de jovens que advoga de maneira pacífica pelos direitos humanos, democracia e combate à impunidade em Angola. O Movimento é conhecido, desde 2012,  por organizar manifestações pacíficas exigindo melhores condições de vida para a população angolana e o fim das violações de direitos humanos no país, bem como a exigência da saída do presidente José Eduardo dos Santos que se encontra no poder desde 1979. Para além de que esses protestos são regularmente dispersados pela polícia de forma violenta, Manuel Nito Alves também tem sido vítima de prisões desde muito cedo, tendo sido considerado o preso de consciência mais jovem em Angola.

Na sessão de 8 de Fevereiro de 2016, no julgamento dos 17 activistas,  enquanto o pai de Nito Alves estava sendo interrogado, o defensor de direitos humanos levantou a voz e disse: "Eu não temo pela minha vida; este julgamento é uma palhaçada". Ele foi silenciado pelo juiz presidente, o Sr. Januário Domingos, que imediatamente abriu um procedimento legal sumário contra ele e o condenou a 6 meses de prisão e ao pagamento de uma multa de 50.000 Kz, por desrespeito ao tribunal. A sentença entrou em vigor imediatamente e o defensor de direitos humanos, que estava detido sob prisão domiciliar há aproximadamente 50 dias, foi transferido para a Comarca de Viana no mesmo dia.

Nito Alves foi preso a 20 de Junho de 2015, com 14 outros defensores de direitos humanos e  pode enfrentar até três anos de prisão sob a acusação de atos preparatórios de rebelião e por supostamente organizar um golpe de Estado contra o presidente José Eduardo dos Santos.

A OMUNGA está preocupada com a condenação sumária de Manuel Nito Alves, que parece ter sido totalmente desproporcional. Por outro lado, a OMUNGA reitera o seu apelo pelo fim do processo contra os 17 jovens ativistas, pois acredita que as suas atividades são legítimas em defesa dos direitos humanos.

José Patrocínio
Coordenador

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