PARLAMENTO EUROPEU VS AUTORIDADES ANGOLANAS
Embora já
muito se tenha falado, escrito, discutido e debatido sobre a resolução do
parlamento europeu, em relação a Angola, penso que ainda vou a tempo de meter a
minha colherada.
Muitas são
as perguntas que se levantaram, que se levantam ou se levantariam em relação a
este assunto. A minha ideia é tentar mergulhar-me nelas e tentar tirar ideias,
sugestões, ou, se não for muito atrevimento meu, conclusões e recomendações.
As
perguntas mais comuns são: O Parlamento Europeu tem direito de aprovar este
tipo de resoluções? Se sim em que mandato? Ou este tipo de resoluções são
flagrante violação à soberania de outros Estados (neste caso, o nosso)? Angola
pode-se sentir lesada e reagir como reagiu? Que consta na resolução? Que
significa politicamente esta resolução em que foi aprovada com cerca de 550
votos a favor, 14 contra e apenas 60 abstenções? Em que se basearam os
deputados europeus para aprovar esta resolução? Apenas num relatório da
eurodeputada Ana Gomes que elaborou aquando da sua visita este ano a Angola?
Pode a eurodeputada, tendo visitado Angola a convite de uma ONG elaborar um
relatório oficial? Será que o relatório de Ana Gomes e a resolução dos
parlamentares europeus contradiz com a revisão de Angola dentro do mecanismo de
revisão periódica universal das Nações Unidas? Poderemos dizer que a
eurodeputada Ana Gomes tenha "moral" para fazer tal relatório, ou
pode-se considerar como tendo cometido um acto de "denuncia
caluniosa"? Que
reacções e que pode ainda mais acontecer, no após desta resolução?
PARLAMENTO EUROPEU QUESTIONA AGRAVAMENTO DA SITUAÇÃO DOS
DIREITOS HUMANOS EM ANGOLA, MAS NÃO SÓ................ EXIGE "TRANSPARÊNCIA
E BOA GOVERNAÇÃO"
Para quem
leu com atenção a resolução do parlamento europeu 2015/2839 de 10 de Setembro
de 2015, pode dar atenção que depois dos "tendo em conta" passa aos
"considerando".
Como vamos
já a seguir abordar os "tendo em conta", fico por enquanto nos
"considerando".
Logo o
primeiro "considerando" aborda, e transcrevo, que, "nos últimos meses, o Governo angolano intensificou a sua repressão
sobre toda e qualquer suspeita de desafio da sua autoridade, violando, assim,
os direitos humanos consagrados na Constituição angolana; que a liberdade de
associação e de reunião em Angola continua banida, registando-se uma
preocupação crescente de que os militares e os serviços de informações tenham
sido o motor que conduziu à detenção e à repressão dos ativistas dos direitos
humanos."
Eu, pessoalmente, não vejo forma de
contrariar tal "considerando" já que para qualquer um de nós,
cidadãos, tal facto é um facto. Aproveito lembrar que, enquanto coordenador da
OMUNGA, subscrevi uma carta aberta dirigida ao embaixador da União Europeia em Angola, a 30 de Julho de 2015, conjuntamente com a MBAKITA, OHI e SOS Habitat.
Nessa carta chamámos à atenção sobre o
agravamento flagrante e acelerado da situação da violação dos direitos humanos
em Angola, e demonstrávamos a nossa indignação em relação ao
"silêncio" da União Europeia em relação a tal situação.
Entre um dos casos que apontámos, e
fazem referência os parlamentares europeus na sua resolução, tem a ver com "quatro defensores dos direitos humanos e um
correspondente da Deutsche
Welle (que) foram detidos temporariamente durante uma
visita a outros ativistas detidos na província de Luanda, acusados de
pretenderem fazer política na prisão." Dois destes activistas
são da OMUNGA e portanto não posso, em momento algum, discordar com tal
conteúdo da resolução.
Aproveito lembrar que a OMUNGA ainda a
22 de Maio, fez a entrega nos escritórios da Comissão Africana dos Direitos
Humanos e dos Povos, em Banjul, de uma carta aberta com a ref.ª OM/200/015 e
com o assunto "CARTA ABERTA: LIMITAÇÃO DAS LIBERDADES EM ANGOLA".
Nessa carta realçava quase na totalidade, os assuntos apontados pelos parlamentares
europeus na sua resolução.
Outros "considerandos" da
resolução dos europeus tem a ver com a situação ocorrida no morro do Sumi, em
Abril deste ano. Ninguém desconhece este assunto e também a OMUNGA apresentou a
sua preocupação à Comissão Africana, a 25 de Maio, numa carta com a refª
OM/201/015, com o assunto "CARTA ABERTA: CONFLITOS DO MORRO DO SUMI"
que depositou nos seus escritórios em Banjul, nessa mesma altura.
Por isso, não nos sentimos surpresos que
os parlamentares europeus façam referência sobre estes factos. Por um lado
porque realmente, os factos em si, são já deveras graves, mas também porque, o
posicionamento dos órgãos de soberania em sequência aos mesmos, são realmente
de lamentar. Fomos confrontados com a arrogância das perseguições, dos
impedimentos de acesso à zona e, pior que isso, à abusiva resposta dos nossos
órgãos de soberania em relação à solicitação das Nações Unidas para a criação
de uma comissão independente que pudesse avançar com uma investigação.
Por tudo isso, não me surpreendi com o
facto dos parlamentares europeus abordarem, na sua resolução, o caso do morro
Sumi.
Portanto, não vejo nada que conste nessa
resolução que não seja do domínio público e não seja realmente uma preocupação
dos cidadãos atentos e interessados num país diferente e mais justo.
Mas, para além das referências já aqui
adiantadas em relação às violações dos direitos humanos em Angola, os
eurodeputados apelam para questões relacionadas com a "transparência nos
negócios de Angola com os estados-membros da União Europeia" e ao
"branqueamento de capitais".
Por isso, em si o conteúdo desta
resolução, nada trás nada de novo, nem acrescenta nada que já não seja a nossa preocupação.
COTONOU E CAMINHO CONJUNTO ANGOLA-UNIÃO EUROPEIA
Se
pudermos dizer que respondi à minha primeira inquietação, que se relacionava
com o conteúdo da tão badalada resolução, devemos agora entrar, muito
rapidamente, numa outra questão. Pode ou não, deve ou não, o Parlamento Europeu
produzir resoluções, apontando factos, apontando recomendações e impondo procedimentos
em relação a terceiros, como neste caso com Angola?
Entre os
muitos "tendo em conta" apresentados pelos eurodeputados, como
"resoluções anteriores sobre Angola", "declaração sobre Angola
de 12 de Maio de 2015, do Alto Comissário para os Direitos do Homem das Nações
Unidas", da "declaração conjunta de 17 de Outubro de 2014 na sequência
da primeira reunião ministerial Angola-União Europeia", passando por
convenções das Nações Unidas e da Comissão Africana, e muitos outros, fazem
referência a dois documentos que nos interessa prender brevemente a nossa
atenção. Os acordos de Cotonou e o Caminho Conjunto Angola-União Europeia. Será
que tais acordos permitem aos parlamentares europeus a aprovar tal resolução?
Cotonou representa para nós o acordo assumido entre a União Europeia e os países de África, Caraíbe e Pacífico (ACP). Conforme a
OMUNGA transcreveu na sua carta aberta dirigida ao embaixador da União
Europeia, Angola assumiu compromissos dentro dos
Acordos de Cotonou, nomeadamente na
promoção dos direitos humanos, dos princípios democráticos assentes no Estado
de Direito, da governação transparente e responsável.~
Lembramos que na base do referido
acordo, no seu artigo 96, “Se,
não obstante o diálogo político conduzido regularmente entre as Partes, uma das
Partes considera que a outra Parte não cumpriu com uma obrigação decorrente do
respeito pelos direitos humanos, princípios democráticos e estado de direito
referidos no paragrafo 2 do Artigo 9, ela deve, com excepção de casos de
emergência especial, fornecer à outra Parte e ao Conselho de Ministros a
informação relevante, necessária para uma análise profunda da situação, com o
objectivo de procurar uma solução aceitável para as Partes. Para este efeito,
deverá convidar a outra Parte a realizar consultas que se debrucem sobre as
medidas tomadas ou a serem tomadas pela Parte em questão, para remediar a
situação."
Já no acordo "Caminho conjunto Angola - UniãoEuropeia", no seu ponto 4, Questões de interesse comum, no que se
refere a Boa Governação e Direitos Humanos, está explícito que "Angola
e a UE estão empenhadas na promoção de boa governação, dos direitos humanos e
liberdades fundamentais, bem como na luta contra a corrupção aos níveis
regional, nacional e internacional".
Pelo
exposto, fica claro que, na base dos referidos acordos, foram assumidos
compromissos relacionados com a promoção e respeito pelos Direitos Humanos e
boa governação. Acredito assim, que considerando tais compromissos, qualquer
uma das partes tem o direito e a obrigação, a responsabilidade de chamar à
atenção de outra das partes se foram visíveis violação flagrantes e graves de
tais compromissos. Nesse sentido, então, poderemos considerar de que a
resolução dos parlamentares europeus se encaixa nesses pontos e por isso não
viola o princípio da soberania nacional.
PARLAMENTO EUROPEU E RELATÓRIO DE ANA GOMES
A visita
de Ana Gomes a Angola, já em si, fez, na altura, correr muita tinta e perda de
sono de muito "boa gente" do nosso país. Ouvimos na altura, um pouco
de tudo. Lembro-me até das intervenções de pessoas como Bento Cangamba e o
deputado João Pinto.
É verdade
que o relatório sobre Angola, elaborado por esta eurodeputada, como resultado
da sua visita, foi a pedra fundamental para despoletar a decisão para a
aprovação de tal resolução. No entanto, não devemos ser ingénuos e pensar que,
550 deputados tenham aprovado a referida resolução, baseando-se apenas no dito
relatório.
A própria
resolução faz referências, nos "tendo em conta" a uma série de outra
informação, incluindo resoluções anteriores, mas também relatórios de outras
fontes, como das Nações Unidas. Por outro lado, a maioria, se não a totalidade,
dos países membros da União Europeia têm a suas representações diplomáticas em
Angola, pelo que, vão assim acompanhando a situação do nosso país.
O que
devemos dizer é que, o relatório de Ana Gomes serviu apenas como o instrumento
formal para confirmar a informação que possuem sobre Angola e assim desenvolver
o mecanismo de tomada obrigatória de posição.
Depois de
termos, assim, ultrapassado este ponto, vêm agora as questões ligadas à
legitimidade ou não de Ana Gomes elaborar um relatório formal considerando-se o
facto de ela ter visitado Angola a convite de uma organização nacional, a AJPD
e por isso considerarem, alguns, que a sua visita não foi oficial. A outra
questão prende-se com o facto de, tendo a mesma eurodeputada recebido
informações oficiais por parte de algumas entidades nacionais, tenha ela no
entanto se "esquecido" de as considerar e, nessa linha, tenha
produzido um documento demasiado crítico em relação à situação em Angola.
Ao lermos o referido relatório, logo no seus seu primeiro parágrafo, Ana Gomes refere-se
ao facto de ter informado o chefe da delegação sobre a sua visita e que
inclusivamente foi o embaixador Gordon Kricke que a recebeu no aeroporto e que
criou as condições para desenvolver o seu programa em Luanda.
Já no
segundo parágrafo, refere-se ao facto de ter informado o representante de
Angola em Bruxelas sobre a sua visita e inclusivamente, sobre a sua agenda onde
previa manter encontros oficiais com entidades angolanas, aquando da sua
visita.
Por aqui
fica claro que, embora a sua estadia em Angola tenha sido resultado de um
convite de uma associação angolana, desde Maio, a eurodeputada desenvolveu
actividades oficiais pelo que era obvio que dever-se-ia esperar que a mesma
elaborasse um relatório. Possivelmente não estraríamos (alguns) à espera é que
o referido relatório viesse a provocar a tal tomada de posição por parte do
parlamento europeu.
Por outro
lado, o simples facto de que as entidades angolanas, tenham disponibilizado a
sua visão oficial sobre a nossa situação, não devemos esperar que isso fosse o
suficiente para provocar na eurodeputada uma perspectiva favorável ao regime e
ao sistema em vigor.
Por
exemplo, não vamos esperar que, apenas pelo facto de as nossas entidades se
terem disponibilizado para fornecer a visão oficial dos factos quer relacionados
com as detenções dos activistas em Angola, quer dos trágicos acontecimentos no
monte do Sumi, junto do corpo diplomático acreditado no país, que o mesmo não
se abasteça de outras informações "não oficiais" para fazerem o seu
entendimento sobre a situação que vivemos.
O QUE SIGNIFICA OS 550 VOTOS A FAVOR DA RESOLUÇÃO?
Penso que
é aqui que os cálculos das nossas autoridades falharam. Acredito que, não
estavam em posse de informações concretas sobre qual é a actual imagem do país no
exterior, nomeadamente na europa, nem tão pouco o real (e actual) peso de
Angola na arena internacional.
Fica claro
que, algo de muito urgente tem e deve ser feito. Angola aparece desgastada já
aos olhos da diplomacia europeia e, possivelmente pior, aos olhos da própria
opinião pública europeia, o que impede que os eurodeputados continuem a fingir
que não vêm nada. Por outro lado, o peso do lobby angolano despencou com o
barril do petróleo. Angola (o regime e o sistema) já não têm o
"money" para calar a diplomacia internacional.
Por isso,
a resolução não só faz referência a factos e faz recurso a recomendações a
Angola, como obriga as próprias estruturas da união, quer enquanto estados,
quer enquanto aliança, a mudarem de postura nas suas relações com Angola.
Assim (e
transcrevo),
6. Solicita à Delegação da UE
em Luanda que materialize os compromissos assumidos pelo SEAE no sentido de
apoiar e proteger os defensores dos direitos humanos em todo o mundo, através
de medidas concretas e palpáveis que contemplem, em especial, a observação de
julgamentos, o apoio político e material aos defensores dos direitos humanos,
aos respetivos advogados e familiares, bem como o empenhamento sistemático da
UE e dos Estados-Membros, conjuntamente com as autoridades angolanas, nos
direitos humanos, a todos os níveis das suas relações, inclusive ao mais alto
nível; insta ainda a Delegação a reforçar o diálogo político com o Governo
angolano em todas as relações políticas, comerciais e em matéria de desenvolvimento,
de modo a assegurar o respeito dos compromissos nacionais e internacionais que
este assumiu em matéria de direitos humanos, como prometido na Primeira Reunião
Ministerial UE-Angola, de outubro de 2014; exorta, para tal, o Governo a
recorrer a todas as ferramentas e a todos os instrumentos adequados,
nomeadamente o Instrumento Europeu para a Democracia e os Direitos Humanos;
7. Urge a UE e os Estados-Membros a
reconhecerem o elevado nível de corrupção das autoridades angolanas, que
prejudica gravemente o respeito pelos direitos humanos e o desenvolvimento, a
aplicarem os princípios «caixa de ferramentas» para os direitos humanos antes
de qualquer negociação com Angola e a reverem os sectores prioritários do
programa indicativo nacional no âmbito do 11.º FED;
e
13. Insta a UE e os
Estados-Membros a abordarem a transparência do comércio de todos os recursos
naturais, incluindo o petróleo, e, em especial, a plena aplicação e o
acompanhamento da legislação existente sobre a apresentação de relatórios por
país; solicita às autoridades angolanas e às empresas estrangeiras que
contribuam para reforçar a governação no sector extrativo através da adesão à
iniciativa para a Transparência das Indústrias Extrativas e do exame da
aplicação do Processo Kimberley; exorta ainda o Governo angolano a apresentar
um plano para aderir à Parceria Governo Aberto e, a, seguidamente, conceber um
plano concreto para combater a corrupção, aumentar a transparência e reforçar a
responsabilização pública;
14. Incentiva a cooperação e a coordenação
entre a UE e os EUA no que toca à aplicação da Secção 1504 da Lei Dodd Frank;
15. Insta as administrações nacionais dos
Estados-Membros e as autoridades de supervisão a intensificarem a vigilância da
conformidade com a legislação em matéria de luta contra o branqueamento de
capitais, incluindo os princípios da devida diligência normativa e uma análise
de risco adequada, em especial sempre que se trate de pessoas politicamente
expostas provenientes de Angola;
REACÇÕES E PREVISÕES
Era óbvio que as nossas
autoridades não reagissem de bom grado a esta "enorme e valente chicotada
psicológica" que representa a dita resolução.
Por isso, as reacções de
tentar arranjar um bode expiatório para o problema. Já como tinha acontecido
aquando da sua visita em Julho, a Angola, os "canos dos canhões
disparam" contra Ana Gomes. Bornito de Sousa é um dos atiradores,
continuando a insistir que as informações que circulam sobre os acontecimentos
do monte Sumi, são infundadas[1]. Apenas
não esclarece porque as nossas autoridades continuam a não aceitar as
exigências das Nações Unidas da abertura de um processo em relação ao assunto,
através de uma comissão independente.
No entanto, os disparos vão
ainda mais longe, para além de considerarem tal resolução como uma ingerência
nos assuntos internos de Angola, falam de "falta de moral" por parte
dos eurodeputados, muito concretamente dos portugueses, já que os mesmos
cometeram "tais violações de direitos humanos durante os 500 anos de
colonização", tal como fazem referência às palavras do ministro da defesa,
João Lourenço[2].
No mínimo patético.
Para concluir com este
cenário, advertem que, "a resolução do parlamento europeu dificulta cooperação
bilateral"[3].
Como de se esperar, a mídia é
chamada a fazer o seu papel, de amplificador das posições e posicionamentos das
autoridades angolanas e é assim que, a TPA, organiza às pressas, debate sobre o
assunto. No entanto, vimos algumas mudanças, pelo menos 2 deputados da oposição
são convidados para se confrontarem com 3 representantes do MPLA e dois
comentadores "pró-regime".
Já do outro lado, a resolução
começa a ser aplicada. O porta-voz para a acção externa da UE, em comunicado, declarou que o julgamento, realizado em Cabinda, “não
forneceu ao réu as garantias de transparência necessárias, nem um processo
conforme aos procedimentos legais”, razão pela qual “a UE espera que as vias
disponíveis possam ser seguidas para reavaliar e rever este veredicto de
maneira justa e transparente”[4].
Ana Gomes insta o Estado português
sobre o facto da procuradoria-geral da república de Angola ter interrogado Alberto
Neto em território português[5].
Por outro lado, a Amnistia
Internacional, realiza em Portugal debate sobre direitos humanos em Angola, a
18 de Setembro, e convida para efeito nada mais e nada menos que a eurodeputada
Ana Gomes, o activista e jornalista Rafael Marques e o escritor Agualusa. Isto
ocorreu na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.[6]
MAS A RESOLUÇÃO CONTRARIA RECOMENDAÇÕES DO RPU?
Uma das argumentações muito
utilizadas por parte das nossas autoridades faz referência ao facto de que
Angola foi revista há relativamente pouco tempo (em 2014) no Conselho de
Direitos Humanos das Nações Unidas, dentro do mecanismo de revisão periódica universal. O relatório final foi aprovado a 4 de Novembro e divulgado a 6 de
Dezembro de 2014. Angola insiste em dizer que foi reconhecida como estando a
fazer um grande esforço para melhorar a situação de direitos humanos em Angola.
Na realidade foram feitas a
Angola 192 recomendações, que foram aceites e 34 recomendações que Angola
deveria analisar e responder na sessão do Conselho em Março de 2015.
Entre as recomendações consta adaptar o
sistema de justiça em conformidade com os direitos humanos, respeitar o
trabalho dos defensores dos direitos humanos e dos jornalistas, combater a
impunidade, respeitar o direito de reunião pacífica, entre outras.
Portanto, fica claro que de
maneira alguma a resolução do parlamento europeu choca em conteúdo com as
recomendações dos diferentes estados no Conselho de Direitos Humanos.
José
Patrocínio
21 de Setembro de
2015
[1] - RTP/Notícias, 14 de Setembro de 2015 - Governo angolano acusa Ana Gomes de
falta de honestidade em relatório sobre o país -http://www.rtp.pt/noticias/mundo/governo-angolano-acusa-ana-gomes-de-falta-de-honestidade-em-relatorio-sobre-o-pais_n858298
[2]
- DN Globo, 17 de Setembro de 2015 - Angola
devolve acusações de violação dos direitos humanos. Isso "foi o
colonialismo" - http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4783741
[3]
DNOTICIAS.PT, 13 de
Setembro de 2015 - Angola
adverte que resolução do Parlamento Europeu dificulta cooperação bilateral
- http://www.dnoticias.pt/actualidade/mundo/538704-angola-adverte-que-resolucao-do-parlamento-europeu-dificulta-cooperacao-bil
[4] REDE ANGOLA/Política, 20 de
Setembro de 2015 - UE
insta a revisão da sentença dada a Marcos Mavungo - http://www.redeangola.info/ue-insta-revisao-da-sentenca-dada-marcos-mavungo/
[5] MAKA ANGOLA, 18 de Setembro de 2015
- Interrogatório Ilegal da PGR Angolana
em Portugal Dá Maka -
http://makaangola.org/index.php?option=com_content&view=article&id=11642:interrogatorios-angolanos-em-portugal-dao-maka&catid=27&Itemid=231&lang=pt
[6] MAKA ANGOLA, Amnistia Internacional Promove Debate sobre Angola em
Lisboa - http://makaangola.org/index.php?option=com_content&view=article&id=11637:amnistia-internacional-promove-debate-sobre-angola-em-lisboa&catid=28&Itemid=231&lang=pt
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