"Como
se explica a sete filhos com idades entre um ano e 15 que o pai não vai
regressar a casa hoje, ou amanhã, talvez no domingo? Quando pensam que só os
ladrões vão presos, como explicar que o pai não roubou mas mesmo assim está na
cadeia?"[1]
Hoje comemoramos o
Dia do Pai. Foi lembrando nisso que dedicamos esse dia a Marcos Mavungo preso
desde 14 de Março de 2015, em Cabinda e condenado a seis anos de prisão por
crime de rebelião contra o Estado. Transcrevemos parte do texto publicado pela
Rede Angola[2]:
“O que dói mais é saber que é uma ausência
injusta”
Para a filha mais velha de Adolfina e
Marcos Mavungo, Cecília, 16 anos, é claro que se trata de “uma prisão injusta”.
“O pai é uma pessoa que representa algo muito importante na vida de qualquer
filho e a sua ausência sempre causa algum vazio. O que dói mais é saber que é
uma ausência injusta. A prisão do meu pai é uma prisão injusta. É um vazio que
se acompanha com tristeza”, conta por telefone ao RA.
“O meu pai era a
única pessoa que trabalhava aqui em casa porque a minha mãe está desempregada
há alguns anos e a sua prisão não só trouxe alguma instabilidade a nível moral,
psicológico e emocional na nossa família, como também a nível económico.
Ultimamente a minha família vive de pessoas que dão ajuda, dinheiro, para
podermos comprar pão”, conta.
Segundo Cecília fazem falta “as conversas”
com o pai, “os conselhos”. “Há coisas que me deixam angustiada porque falar com
o meu pai é diferente.”
A irmã mais nova, de um ano e cinco meses,
nasceu seis anos depois de Manuelino. “O meu pai fica triste porque não
acompanha o crescimento dela, as primeiras quedas, o aprender a andar. Ele às
vezes fica com medo de a bebé esquecê-lo porque está só acostumada a estar com
a mãe e os irmãos”.
Segundo Cecília a mãe faz um esforço para
manter o discurso optimista: “‘O vosso pai está preso, mas não porque roubou.
Está preso por questões injustas. Então não têm de ficar tristes. Isso vai
passar. É uma fase'”.
“Nos primeiros dias os meus irmãos ficavam
a perguntar quando ele ia voltar para casa. A minha mãe tinha esperança de ele
voltar logo. Mas ao longo do tempo eles foram se habituando ao novo estilo de
vida. Existe momentos de silêncio que só eram preenchidos pelas palavras do meu
pai, é um vazio”, continua.
A jovem, que está no 12.º ano, fala ainda
do impacto que a prisão de Mavungo teve na escola. “Não deixei isso interferir
muito na minha vida académica, mas estudei triste e automaticamente tive alguma
dificuldade para entender a matéria. Às vezes fico triste e sinto-me um pouco
balançada nas aulas, mas fico firme, de cabeça erguida”.
Amigo Mavungo, pensando no pai que todos somos, homenageamos o
"Pai" que tu és. Estamos juntos!
Por Uma Angola Livre
Por Uma Angola Livre
LIBERDADE PARA OS PRESOS POLÍTICOS JÁ!
[1]- Rede Angola, 14 de Março de 2016 - “É a missão dele defender o povo” - http://www.redeangola.info/especiais/e-a-missao-dele-defender-o-povo/
[2] - Idem
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