Conforme toda a
sociedade angolana e não só, também o Grupo Técnico de Monitoria dos Direitos
Humanos em Angola (GTMDH) reagiu ao silêncio da presidência da República em
relação à brutalidade policial que de forma covarde tem reprimido todas as
tentativas de manifestação contestatárias.
Tais acções tiveram o
seu expoente a 23 de Novembro quando foi vítima a estudante universitária
Laurinda Gouveia. As imagens que circulam nas redes sociais e as declarações da
vítima obrigam-nos a dizer BASTA. É hora da presidência da República
pronunciar-se contra tais barbaridades policiais e garantir a instauração de
processos que responsabilizem os autores de tais actos, sob pena de se assumir
enquanto cúmplice dos mesmos, por omissão.
Esta omissão
proporciona as mais diversas interpretações, incluindo aquelas que possam considerar
haver relação directa e envolvimento da presidência da república nas
orientações aos órgãos policiais para procederem da maneira criminosa a que
temos assistido.
Grupo de Trabalho de
Monitoria dos Direitos Humanos em Angola
(GTMDH)
TOMADA DE POSIÇÃO PÚBLICA
“Governo Angolano deve investigar e responsabilizar criminalmente os
agentes da polícia nacional envolvidos na tortura de Laurinda Gouveia”
Luanda aos 29
de Novembro, 2014
É com enorme
preocupação que o Grupo Técnico de Monitoria dos Direitos Humanos tomou
contacto, através das redes sociais, com as fotos e os relatos sobre a agressão
policial contra LAURINDA GOUVEIA, estudante universitária, ocorrida a 23 de
Novembro de 14, em Luanda.
As fotos são
na realidade chocantes e demonstram bem a brutalidade sofrida pela jovem
Laurinda.
De acordo aos
relatos, Laurinda Gouveia acompanhava outros 3 jovens até ao Largo 1.º de Maio
onde estava previsto um acto organizado pelo Movimento Revolucionário para
exigir justiça em relação ao assassinato de Ganga.
Como o largo
estava ocupado por agentes policiais, enquanto os 3 jovens tentaram aceder ao
mesmo, Laurinda permaneceu com a intenção de fotografar tal acto, razão pela
qual foi violentamente agredida e atirada mais tarde do carro para o chão,
“como trouxa”, junto ao Largo das Escolas, por parte de agentes da polícia
nacional e do SINSE.
De acordo aos
relatos, a agressão foi efectuada com tubos, paus e ferros. A vítima declara ter reconhecido o Comandante da esquadra da Ilha entre os
agressores.
Durante a
brutal agressão, a vítima perdeu os sentidos várias vezes e urinou-se tendo por
isso sido alvo de tortura psicológica.
De acordo a
diversas fontes, Laurinda Gouveia sofreu ainda ameaças de morte.
Nesta
conformidade, o GTMDH solidariza-se com a jovem activista Laurinda Gouveia, com
a família e com os companheiros do Movimento Revolucionário.
Ao mesmo
tempo apoia todas as iniciativas de denúncia e de responsabilização deste
horrendo e inaceitável acção brutal por parte da polícia nacional e do SINSE.
O GTMDH exige
ainda a abertura imediata de um processo de investigação e a responsabilização
de todos os agentes policiais e os membros do SINSE envolvidos nesta acção
barbara.
Por outro
lado apela à solidariedade absoluta de toda a sociedade, especialmente da
Primeira-dama, das mulheres polícias, das mulheres e jovens estudantes, das
mulheres partidarizadas, das mulheres parlamentares, das mulheres juristas, das
mulheres jornalistas, das mulheres diplomatas, das mulheres artistas, das
mulheres educadoras, das mulheres da saúde, das mulheres mães e das mulheres
irmãs.
O GTMTH exige
um pronunciamento imediato do Presidente da República condenando o tão violento
acto e confirmando a abertura do processo judicial que investigue e
responsabilize os autores deste hediondo crime.
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