04/04/2013

PIR TRANSFORMA 16 DE JUNHO EM MORRO DA ROCINHA: comunidade invadida por dezenas de polícias e cães

Na madrugada de 30 de Março, dezenas de agentes da Polícia de Intervenção Rápida(PIR) vindos de Benguela, invadiram a comunidade do 16 de Junho, no B.º da Lixeira, no Lobito. Ao mesmo tempo, um espectáculo de rap foi censurado pela polícia e o músico MCK foi proibido de cantar no Lobito. Em Luanda a polícia reprimiu uma manifestação legal e o coordenador da OMUNGA foi aí agredido!

 
Algumas das cápsulas das balas disparadas pelos agentes da polícia. Não eram balas de borracha! Eram balas verdadeiras!

A comunidade do 16 de Junho foi a primeira comunidade em Angola, de moradores de rua, que beneficiou dum projecto de construção de habitação, em Angola. Por orientações do Governador Provincial de Benguela, foram construídas 50 residências. Um projecto piloto em Angola, mas cheio de pontos obscuros e de interrogações. Ao fim de muitos anos, os jovens hoje, crianças antes, conseguiram sair das tendas e entrar numa "habitação" de blocos de cimento!

A baixo, as fotos das crianças que nos explicaram como foi ver os seus pais nús, serem agredidos, algemados e presos para esperarem pela sua volta. Todas nos disseram que choraram e que hoje têm medo!

Os Sorrisos que escondem as lágrimas da humilhação pelos seus pais!

Dezenas de PIRs, com cães, começaram a arrombar as portas destas habitações. Dezenas de policiais entraram pelas residências, encontrando os seus habitantes a dormir, incluindo crianças, começando por atirar gases e/ou líquidos tóxicos. Além de agredirem osseus habitantes, revistarem, furtarem os seus bens, na presença das crianças, que em choro, aclamavam por compreensão.


A vida aparentemente continuava no 16 de Junho. Desde a esposa que lagrimava enquanto explicava a prisão do companheiro, ao Ito que soldava o biscate da sua vida e à Chica que com seu filho às costas explicava sobre a corrupção que sofreu para ver o seu marido solto!

A partir de Luanda, a OMUNGA contactou o comandante municipal da polícia do Lobito, Cte Capusso, que garantiu que nada tinha a ver com esta intervenção. Sublinhou que a intervenção da PIR submeteu-se a ordens de "outro superior".

Depois de iniciar este processo, com acção violenta policial, sem qualquer mandato judicial, os moradores deste espaço rebelaram-se apedrejando os policiais.

Voltou a segunda invasão. Espancamentos, furtos, humilhações, espraiaram-se nos frustrados golpes de arrogância de quem por detrás dos capacetes, escudos e coletes de protecção, das armas que dispararam sem dó nem piedade, se vingava da sua humilhante situação.

Ao fim da tarde de hoje (3 de Abril), mulheres, como a Chica, chegavam felizes nos Hiaces azuis atirando a nova de que seus maridos tinham sido soltos! Para além das cauções pagaram cerca de 5000.00 Kz a mais, cada uma, divididos por diferentes agentes, na certeza de que seriam libertos o mais rapidamente possível. Eis aqui os recibos das cauções pagas por estas mulheres, já agredidas e humilhadas!
Estes foram os documentos entregues na Polícia de Investigação Criminal a justificar o pagamento das cauções! Brincadeira ou roubo?
À noite, o pessoal se movimentou e recebeu os homens heróis! O som subia, os ânimos também! A beleza das crianças e de todos era afinal a mesma!



A OMUNGA voltou hoje ao local. Amanhã irá à Polícia de Investigação Criminal para pedir esclarecimentos e preparar o processo judicial que, sabendo da inoperância do judiciário, entende ser ainda um caminho a insistir! Um registo de vídeo sobre esta visita será publicado em breve. Publicamos apenas os primeiros registos feitos a 1 de Abril de 2013:



Sem comentários: