22/06/2015

GAPPA CONVIDA ANGOLANOS A REPUDIAREM AS DETENÇÕES DE ACTIVISTAS EM LUANDA


NOTA DE IMPRENSA
“Governo efetua detenção de 13 activista sobre pretexto de crime                         contra segurança do Estado”

Ontem, sábado a tarde, 20 de Junho, a DNIC e a Polícia Nacional, prenderam treze activistas de direitos humanos, numa residência, quando discutiam questões sobre a Democracia. Cada um deles foi posteriormente levado â sua residência, já algemado, onde foram efectuadas buscas e levado material electronico, computadores, material fotográfico, agendas, revistas, documentos, cartões de crédito, etc. Não só dos respectivos presos mas igualmente de familiares, incluindo material profissional. A operação ocorreu sem nenhum mandado de captura e houve casas em que Policias armados até aos dentes irromperam de forma violenta para o interior das mesmas. Em comunicado público passado ontem na TPA e RNA, os Serviços de Investigação Criminal do Ministério do Interior, assinada pelo seu Director, Eugénio Alexandre, assumiram a natureza do acto ilegal e antidemocratico afirmando que foram detidos “em flagrante delito” quando “se preparavam para realizar actos tendentes a alterar a ordem e a segurança pública do país”.

No entanto, na manhã de hoje, agentes da DNIC com mandado de captura estiveram na casa do académico e activista, Domingos da Cruz, mas há informações segundo as quais foi interdito de sair do país, na fronteira com a Namíbia e terá chegado de avião à Luanda às 16h, eventualmente sob detenção, pois a família não tem notícia sobre o seu paradeiro até a presente hora.

O Grupo de Apoio aos Presos Políticos apurou o nome de 12 activistas da lista dos treze, que apresentou em várias esquadras para saber onde se encontram os detidos, a saber:
·         Luaty Beirão
·         Nuno Álvares Dala
·         Manuel Nito Alves
·         Nelson Dibango
·         Afonso Matias (Mbanza Hanza)
·         Sedrick de Carvalho
·         Nicolas o Radical
·         Hitler Samussuko
·         Arantes Kivuvu
·         Valdemiro
·         Albano Bingo
·         Sheik Hata
·         Inocêncio Drux

Algumas fontes admitem que mais alguns cidadãos terão sido presos ainda hoje, perfazendo um total de 20.

De vários contactos efectuados durante todo o dia de hoje, por vários grupos de activistas, nas diversas esquadras de Luanda, apenas foi possível aferir que os três primeiros, Luaty Beirão, Nito Alves e Nuno Dala, estão localizados como presos na 29ª esquadra, adjunta à DNIC. A DNIC não quiz informar onde se encontram os restantes detidos.

O Grupo de Apoio aos Presos Políticos Angolanos denúncia este acto e informa:

1.       As detenções dos activistas, efectuada durante o fim-de-semana, apresentam uma moldura inspirada pelos métodos da PIDE-DGS do regime colonial português;
2.       Denuncia a violação da privacidade dos detidos, dos seus familiares e de alguns dos seus clientes e empregadores;
3.       Denuncia a tentativa de utilização dos endereços de emails dos detidos;
4.       Apresenta a comunidade angolana e internacional a ingente preocupação do desaparecimento de 10 detidos ou a sua prisão em local não identificado, deixando as famílias muito preocupadas, os detidos sem comer e beber porque temem ser envenados, negando-se assim o apoio alimentar a que têm direito. Lembrar que, de acordo com os autos de Kassule e Kamulinde ambos desaparecidos por detenção das autoridades angolanas, foram assassinados no período de 24h.
5.       O GAPPA apela, assim, as autoridades:
a.       Que informem a comunidade nacional a identidade dos detidos;
b.       Que informem as famílias e a sociedade o local onde se encontram todos os detidos e que apresentem, nas primeiras horas da manhã o sítio em que se encontram;
c.       Permitam o acesso dos advogados e a defesa dos mesmos;
d.       Que entreguem imediatamente os bens e documentos retirados das casas dos presos, evitando prejuizos à vida profissional dos familiares;
6.       O GAPPA convida os angolanos a mostrarem o seu repúdio a estas acções de caracter anticonstitucional e arbitrárias contra a liberdade de reunião e a apoiarem sem reservas a necessidade de um estado de liberdade e democracia em Angola.


Luanda, 21 de Junho de 2015

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