20/08/2010

APAGOU-SE A VELA QUE ILUMINAVA AS ESCURAS (Luís Samacumbi)

Apagou-se a vela que iluminava as escuras
Frei João Domingos
O DASEP -IECA recebeu com grande consternação a noticia da morte em Portugal por doênça daquele que foi, apesar da sua idade, do volume de tarefas que lhe estavam acometidas um dos mais activos defensores da Justiça Social no nosso País. O desaparecimento do frei João Domingos sugere-nos a todos nós, Cristãos, uma reflexão sobre a sua exemplar trajectoria de vida, a sua incansável luta pela justiça social, pela paz entre os homens e pela defesa dos desfavorecidos. Num país onde escasseiam cada vez mais referencias morais e de boa conduta, a morte deste Servo de Deus, é mais uma urgência ao debate sobre os valores desta nova sociedade em construção.

Nos vários contactos que tive com ele nas sessões de trabalho do Observatório Político Social de Angola - OPSA, nas suas intervenções na imprensa ou nas suas pregações, era visivel a sua profunda influência na nossa sociedade, e a sua personalidade de homem estruturalmente verdadeiro e crente na capacidade humana de amar e amar mais o próximo. Na Igreja de Cristo, o Frei João Domingos deixa sim um grande vazio e uma imensa saudade, já que as suas ideias mas também a sua atitude coerente, solidária e comprometida com a causa da justiça, da ética, dos direitos vão continuar a ser referência. É muita pena, apagou-se mais uma vela que iluminava as escuras noites de indiferença, sinismo, hipocresia em Angola; uma biblioteca, porque da cabeça e da sua boca sairam ensinos que só foram ignorados pelos surdos e cegos do bem comum; calou-se para sempre mais uma voz profética. Uma grande biblioteca pegou fogo e os bombeiros não conseguiram extinguir.

O que dizer numa hora destas? Que palavras usar? Para que servirão tais palavras? Foi-se mais um grande companheiro e um grande homem em todos sentidos. Tentemos, no mínimo, respeitar o seu exemplo.

Como fiel, ainda me resta a esperança na vida eterna; Que Deus na sua sábia providência possa atribuir a coroa a esse servo.
Luís Samacumbi

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