21/01/2010

HAITI OCUPADA

O texto que transcrevemos, foi recebido a 21 de Janeiro de 2010 (tpereira@buckeye-express.com):

HAITI
Busco-te outra vez, HAITI,
terra de sol e calor, de gente que dança
e que canta sorrindo, lucidamente humana.
Uma vez a vi em dia de paz, enquanto ainda
era possível fazer confidências subversivas.
Os estudantes se preparavam para a luta,
defendendo a soberania nacional.
A terra do campo é boa e nela
a gente trabalhava com orgulho, até que
chegaram as fábricas yanques
e que para nelas trabalhar era preciso
mudar-se para a cidade, ir viver nas favelas,
onde os casebres eram frágeis e iam
se amontoando quanto mais crescia a miséria.
Então veio o terremoto, porque as coisas
nao mudam até que o povo diga "Basta!"
E chegaram os marines* que em vez de água,
medicamentos e comida, carregam armas
para impedir que o povo confisque a comida
encerrada nos mercados e depósitos yanques.
Entretanto há mais vivos que mortos,
e enquanto os vivos enterram os mortos,
o povo trata de curar-se e os médicos haitianos
e estrangeiros fazem o que podem para salvar
a alguns feridos que ainda respiram
e esperam pelos medicamentos presos
no aeroporto e nos navios.
Mas lá os guardam os marines, piores
que o terremoto, que os criminosos, que
os ladrões de armazéns, e eles estão armados!
Que triste me sinto pelos irmãos haitianos,
e que vontade tenho de gritar outra vez:
"Yanque go home!" E de unir-me à luta
por uma Haiti livre de fábricas, de caridade
e dos marines yanques.
TERESINKA PEREIRA
* "Marines" - soldados da força naval yanque
que sempre foi ocupar o país forçando golpes
de estado nos momentos de mudanças políticas.

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