13/09/2011

Namibe: jornalista ameaçado de morte

O jornalista correspondente da Rádio Despertar, Pedro Cafiele, há mais de três anos ao serviço da comunicação social privada na província do Namibe, está a ser fortemente perseguido por supostos dirigentes do grupo de acção do partido no poder, do Bairro dos Eucaliptos, presumivelmente por não partilhar os caprichos daqueles políticos.


Terça, 13 Setembro 2011


O jornalista correspondente da Rádio Despertar, Pedro Cafiele, há mais de três anos ao serviço da comunicação social privada na província do Namibe, está a ser fortemente perseguido por supostos dirigentes do grupo de acção do partido no poder, do Bairro dos Eucaliptos, presumivelmente por não partilhar os caprichos daqueles políticos. As ameaças da morte segundo o visado resultam da relutância de Cafiele por se abdicar filiar-se no partido MPLA. Falando para a Voz de América. Pedro Cafiele disse que o coordenador adjunto do comité de acção do Bairro dos Eucaliptos, Artur Kapata Chikuakuala, professor de profissão na escola nº 31 do mesmo bairro, declarou que a sua missão, só termina com o assassinato do jornalista.


Inconformado com o cenário que tira sono à família o jornalista ao serviço da Rádio Despertar, na semana finda, apresentou queixa à Polícia de Investigação Criminal para o esclarecimento dos factos.

«Estou a ser perseguido pelo coordenador do comité de acção do MPLA, no Bairro dos Eucaliptos, senhor Artur Kapata Chikuakuala. Ele me tem ameaçado, inclusive a última vez que ele se atirou contra mim, chamou-me a atenção para que eu me precavesse bastante, disse-me que não vai descansar porque o propósito dele só termina com a minha morte e neste momento, estamos aqui na Polícia de Investigação Criminal para o esclarecimento dos factos», asseverou.

Artur Kapata Chikuakuala, suposto carrasco do jornalista da Rádio Despertar no Namibe, instado a pronunciar-se dos factos, negou prestar qualquer declaração.

O jornalista Pedro Cafiele, pede apoios das instituições nacionais e internacionais dos direitos humanos, patrocínio de assistência judicial dos autos, com vista a levar o seu carrasco às barras do tribunal.

«Não tenho advogado constituído, como sabe, localmente, quase que tudo fica difícil, mas estamos a envidar esforços junto dos colegas em Luanda, instituições nacionais dos direitos humanos e o Comité Internacional de Protecção dos Jornalistas, sabiamente liderado pelo Dr. Mohamed Keita, no sentido de ajudar providenciar um advogado assistente do processo, a bem da verdade, eu estou a beira da morte» gritou.

Mohamed Keita do comité internacional de protecção dos direitos humanos já entrou em contacto com o jornalista visado, a Voz de América soube igualmente que o MPLA, descartou-se de qualquer conotação com o cenário, responsabilizado o presumível autor, a ser verdade os factos, ao passo que o processo em instrução, está na sua fase derradeira, depois das duas partes terem prestado declarações, aguarda-se agora pela acareação nos próximos dias.

Somos jornalistas profissionais da imprensa privada, comprometidos com a verdade e com o desenvolvimento democrático do país, por esta justa causa, nem sempre somos bem vistos, sofremos muitas ameaças e dificuldades, mas isto também nos fortalece.

Perante estes factos, a família de Pedro Cafiele mostra-se apavorada com os factos decorrentes e por isso exige justiça. O referido processo está a cargo do investigador Mangundo, oficial de criminalística da Direcção Provincial do Namibe da Policia de Investigação Criminal.

«O lugar dos prevaricadores é lá nas cadeias e os irracionais na selva, portanto, o partido no poder na província do Namibe deve esclarecer estes factos que põem em causa a imagem do MPLA», disse

No meio desta adversidade, aquém fica pelo caminho, com o medo ou pressão familiar, tal como algumas jornalistas o fizeram num passado muito recente, haviam apostado no jornalismo investigativo na Província do Namibe e acabaram por desistir, facilitando os desígnios dos querem manter o jornalismo angolano a seu belo prazer.

Instado a pronunciar-se, se estas ameaças poderão enfraquecer o seu profissionalismo e projecto jornalístico ou não, junto do órgão a que pertence, Cafiele respondendo disse: «

«De forma nenhuma me vou acobardar, deixando de ser aquilo que sempre fui e gostei fazer. Antes pelo contrário, e melhor do que nunca, é agora que devo me levantar e dizer em voz alta que estou decidido lutar ao lado daqueles colegas que lutam pela liberdade de imprensa e democratização do país, porque situação do género se nos calarmos, continuaremos se calhar a se humilhados, o nosso espaço já conquistado cada vez mais usurpado. O esforço para a conquista da liberdade de imprensa é a nossa luta e o faremos dentro das nossas disponibilidades ainda que isto custe mais um pouco do nosso sacrifício. Se alguém pensa que intimidar o Pedro Cafiele, como o fizeram com alguns dos meus colegas, aqui no Namibe é a melhor forma encontrada para me fazer calar, então afirmo aqui e agora que estas pessoas estão enganadas, não cederei pressões nenhumas, os ouvintes da Rádio Despertar em Luanda, continuarão a ouvir os trabalhos do Cafiele de sempre», retorquiu.
Espera-se no entanto que o caso "Pedro Cafiele" jornalista da Rádio Despertar, não seja mais um daqueles casos adormecidos na esperança dos pecadores ou esquecimento infinito. José Manuel Nongava, uma das testemunhas dos factos que inquietam o jornalista da Rádio Despertar, promete declarar somente a verdade junto das autoridades policiais. Manifesta-se igualmente solidário quanto aos apoios das instituições nacionais e internacionais dos direitos humanos e protecção dos jornalistas, em providenciar um advogado assistente do referido processo.

http://www.voanews.com/portuguese/news/09_13_2011_namibe_journalist_voa_news_com-129745263.html

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